Meninas na arbitragem: Garra, força de vontade, dedicação e humildade para conquistar seu espaço

15/08/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos

A máxima, usada por alguns machistas estacionados no tempo, de que mulher é para cuidar da casa, não está totalmente errada, pois ninguém faz isso melhor do que elas. Mas ao mesmo tempo elas provam sua superioridade, cuidando da casa, da família e trabalhando fora. Estão ocupando, com muita propriedade, espaços que até pouco tempo eram só para homens. Isso em todas as profissões e ultimamente em todos os esportes. 

Em Sidrolândia não poderia ser diferente, a atuação feminina está presente em todos os setores de nossa economia, inclusive nos esportes, onde temos competidoras e equipes femininas alçando voo para além das fronteiras de nosso município. 

Na arbitragem do futebol, que apesar de ser exercida em equipe é uma carreira solo, não poderia ser diferente, nossas meninas já estão presentes, arbitrando competições municipais e estaduais.

O Campeonato Municipal de Futebol Amador, organizado pela Prefeitura Municipal, é um exemplo da presença competente de profissionais femininas, temos duas assistentes de arbitragem, FABIANA NUNES FABRÃO e LUANA LIMA, atuando nas partidas do certame.

Fabiana, de 32 anos, já atua desde 2017, quando participou de uma oficina de arbitragem realizada aqui mesmo em Sidrolândia, dando início a sua carreira na arbitragem amadora.

Em 2018 fez o curso de arbitragem junto a FFMS - Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, sendo que a partir de janeiro de 2019 passou a fazer parte do quadro de arbitragem profissional da FFMS, na Categoria FFMS 3, Função ASSISTENTE.

Fabiana tem atuado em competições de cunho estadual desde o ano passado, quando integrou a equipe de arbitragem no Estadual Feminino. Em 2019 fez sua estréia pela FFMS, trabalhando em jogos do campeonato estadual SUB-17 masculino.

Luana, de 26 anos,  fez o curso de formação pela FFMS nesse ano de 2019 e para ingressar no quadro de arbitragem da entidade ainda precisa adquirir bagagem. Atua em competições amadoras, como forma de cumprir o tempo necessário para que possa participar das provas físicas e teóricas, podendo então, se aprovada, ingressar no quadro de arbitragem da FFMS.

As duas jovens, como em qualquer profissão, sonham em galgar posições mais altas, treinam quase que diariamente, para manterem em dia o condicionamento físico e estudam para aprimorarem seus conhecimentos específicos e estarem preparadas para o crescimento dentro dessa árdua carreira.

FABIANA NUNES FABRÃO

Em relação aos atletas, cobranças normais de jogo. Já tive duas situações de preconceito no amador, no profissional nenhuma. Falta de respeito vem da torcida mesmo, mas dentro de campo é tranquilo.

O que Eu espero... Estou trabalhando, estudando e treinando para quando chegarem as oportunidades, estar preparada.

Se eu fizer um jogo, da Série A do profissional, pela Federação de Mato Grosso do Sul, para mim já é uma conquista, afirma Fabiana que menciona um problema de lesão e a idade como possíveis entraves para o ingresso no quadro da CBF.

LUANA LIMA

Dentro de campo sou uma profissional focada no jogo, até agora não senti preconceito por parte de atletas, as reclamações sempre são em relação ao jogo. Acho que eles estão aceitando mais, nós mulheres, e isso é bom, pois nós nos dedicamos, treinamos, estudamos na mesma intensidade que os nossos colegas homens.

A Arbitragem sempre foi meu sonho de infância, uma influência do meu pai que foi árbitro amador em minha cidade natal. Então estar fazendo parte do quadro de árbitros de Sidrolândia para mim já é uma vitória gigantesca, o começo de uma longa trajetória. O meu foco agora é trabalhar duro para entrar para FFMS e quem sabe um dia poder usar o escudo da CBF ou da FIFA, não podemos parar. É ter foco, fé e humildade. Humildade sempre.

A lição que se tira dessas duas histórias, bastante distintas e ao mesmo tempo ligadas pelo mesmo ideal, é que as mulheres vieram para ficar, que tem força de vontade, garra e competência para se estabelecerem em posições que os homens acreditavam ser só suas. Ouçam, no áudio abaixo, a lição de amor pela carreira, de humildade e a preocupação de Fabiana com a colega mais nova.

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