Médico trabalhava 18h por dia à base de remédios
Informação foi repassada por familiares e colegas de trabalho de Francis Giovani Celestino
Investigação policial no caso do médicoFrancis Giovani Celestino, 31 anos, encontrado morto com um tiro no tórax, no dia 22 de janeiro, dentro do carro que conduzia, uma BMW, em rodovia da Capital que dá acesso a Sidrolândia, apontou que o residente tinha jornada de trabalho de 18 horas diárias e vivia a base de remédio para aguentar carga horária.
A informação foi repassada a imprensa do Estado pelo delegado da 6ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, Edmilson José Holler, que atendeu a ocorrência na época, já que o delegado responsável, Carlos Eduardo Trevelim Milan, de Sidrolândia, estava de férias na ocasião, mas deu sequência nas investigações em seguida.
Segundo Holler, tanto a esposa quanto os colegas de trabalho de Francis afirmaram em depoimento que a cobrança era excessiva e partia dele mesmo. “Era um médico bem atuante e responsável, pessoal gostava muito dele”, acrescentou o delegado. Francis trabalhava como médico residente no Hospital Nosso Lar e no Hospital Universitário (HU) da Capital.
Após oito meses do suicídio, delegado de Sidrolândia ainda não concluiu inquérito devido a uma pendência. “Estou aguardando apreciação de um pedido que representei junto ao juiz, estou aguardando a resposta”, explicou Trevelim.
De acordo com a autoridade, como a perícia não conseguiu analisar o conteúdo do aparelho celular de Francis, foi preciso enviar solicitação junto a empresa Apple, para que pudesse ter em mãos os dados armazenados no telefone.
“A medida foi tomada para esgotar as vias de informação. Se tiver alguma informação de muita relevância, continua o inquérito, caso contrário, é só encerrar”, pontuou o delegado ao completar que, na opinião dele, não há suspeita diferente de que o médico tirou a própria vida. “É apenas uma questão de garantia”.
A arma usada pelo médico era nova e estava registrada em nome dele, conforme Trevelim.
O CASO
O carro do médico foi encontrado em uma plantação de soja, em rodovia da Capital que dá acesso a Sidrolândia. Ele estava sozinho no veículo.
Na época, Holler chegou a afirmar que o médico estava se sentindo pressionado no trabalho e fazia tratamento psiquiátrico com outra médica, que teria receitado a ele remédios para ansiedade e estresse.
Em janeiro, o médico denunciou estar sendo coagido a trabalhar nos horários de descanso e que outros colegas também estariam trabalhando sem ter direito a intervalos em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Capital.
Equipe de reportagem tentou entrar em contato com o secretário de saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, mas até o fechamento desta matéria não obteve êxito.
Por VALQUÍRIA ORIQUI
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