Matérias com identificação de pacientes dificultam trabalho de profissionais da Saúde

08/05/2020 12h43 - Atualizado há 4 anos

A exposição dos pacientes, na mídia, tem causado revolta e dificultado a atuação dos profissionais da saúde

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Divulgação

A exposição pessoal indevida, que vem ocorrendo nesses últimos meses, de pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo COVID-19, tem atrapalhado o serviço de saúde do município.

Com a identificação de pessoas com casos suspeitos ou comprovadamente infectadas, através de matérias jornalísticas, tem ocorrido, através de redes sociais, um verdadeiro tribunal popular, onde as vítimas da doença acabam virando réus, são condenadas e linchadas publicamente.

Com isso pessoas que tiveram contato com suspeitos ou infectados, negam sintomas e recusam acompanhamento de profissionais da saúde, temendo que seus nomes sejam os próximos a serem divulgados e que a partir daí passem a serem alvos dos famigerados juris populares.

Pessoas que precisam ser entrevistadas ou acompanhadas pela saúde, passaram a desconfiar da ética dos profissionais dessa área, achando que esses é que estão divulgando seus dados pessoais a meios de comunicação, quebrando o sigilo profissional, premissa básica para o relacionamento médico-paciente.

A legislação prevê o compartilhamento entre órgãos e entidades da administração pública, de dados essenciais à identificação de pessoas infectadas, com a finalidade exclusiva de evitar sua propagação, resguardando o direito ao sigilo das informações pessoais, ou seja, os dados pessoais podem e devem ser utilizados pelas autoridades de saúde mas não divulgados ao público, pois isso viola direitos fundamentais, podendo ser pauta para processos judiciais contra quem os divulgou.

O COVID-19 é um vírus que deverá ser contraído por toda a população mundial, muitos só saberão da infecção através de exames, pois não apresentarão qualquer sintoma, outros serão internados, alguns casos com gravidade outros não, outros perecerão, mas o que não pode ocorrer é a exposição e o julgamento das vítimas, até porque não haverão juízes suficientes para mais de 7 biliões de réus infectados, ou você acha que é imune?

Vamos contabilizar os casos, chorar nossas perdas, comemorar nossos recuperados e esperar a luz no final do túnel. Vamos informar sem expor, divulgar sem machucar, enfim, fazer nosso trabalho de JORNALISTAS. 

Por TONI REIS