Dia do Índio: “A resistência Terena”

19/04/2016 00h00 - Atualizado há 4 anos

“19 de abril de 2016, para os Terenas da Aldeia Córrego do Meio, como frisou o Cacique Genivaldo, não há muitos motivos para comemorar, principalmente pela perda de um de seus patrícios, o Guerreiro Oziel Gabriel, que tombou, vítima de ferimento a bala, durante a retomada em maio de 2013.

Genivaldo, por várias vezes, fez referência a Oziel, hoje um símbolo da luta do Povo Terena pelo direito a terra. Colocou que a data deve ser comemorada como a Resistência do Povo Indígena, povo que luta pelos seus direitos, cultua suas tradições, mas que também busca a evolução social, citando vários indígenas que concluiram o ensino superior, estando hoje a disposição da sociedade como força de trabalho especializada.

Pessoas de várias partes do município prestigiaram as festividades, entre elas os pré-candidatos a prefeitura de Sidrolândia, Drº Marcelo Ascoli (PSL) e Jean Nazareth (PT), o Presidente do Diretório Municipal do PT de Sidrolândia, Wanderlei Barbosa, assessores parlamentares dos Deputados Zeca e João Grandão, os Vereadores Sérgio Bolzan, Cledinaldo, Waldemar Acosta e Edno, além do Prefeito Ari Basso, que teve uma passagem relâmpago pelo local.

Drº Marcelo, ao fazer uso da palavra, agradeceu a acolhida da comunidade, onde disse sentir-se em casa, exaltou o trabalho de suas lideranças, mas não deixou de mencionar o abandono, por parte do poder público, com que os indígenas são tratados, citando como exemplo as precárias condições das estradas de acesso. Marcelo e sua esposa Ana Lídia são presenças frequentes em eventos nas comunidades indígenas, também foram os únicos representantes do poder público municipal a comparecerem e prestarem solidariedade, aos familiares de Oziel Gabriel, quando do trágico ocorrido.

Durante as festividades ocorreram apresentações de danças típicas da etnia Terena, onde apresentaram-se homens e mulheres. Chamou a atenção de todos a apresentação masculina, onde um dos guerreiros cobria-se com o pavilhão nacional, passando a mensagem de que a luta pela terra e pelos direitos continua, mas que os povos indígenas são brasileiros, como todo o restante do Povo.

A apresentação de um casal de indígenas do Equador, também prendeu a atenção dos presentes, tanto pelo visual, com vestimentas coloridas, quanto pelas músicas e danças. O casal também trouxe peças de seu artesanato, feitas, em sua maioria, em couro e metal. Foi um intercâmbio cultural, muito proveitoso, tanto para brasileiros, quanto para equatorianos, que agradeceram muito pelo convite e pela acolhida.

Na aldeia Lagoinha também houveram comemorações, mas, como na Córrego do Meio, a lembrança foi a mesma, “o irmão tombado em batalha”, referência do Cacique Basílio, além do abandono e falta de diálogo, por parte do poder público.

A Aldeia Lagoinha recebeu a visita de muita gente de fora do município, mas a presença de maior destaque foi de cerca de 45 cariocas, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que chegaram na aldeia, no domingo, participaram de todas as festividades, integrando-se a comunidade e partilhando dos custumes.

Em conversa informal, alguns deles manifestaram o prazer de terem feito parte de um momento tão especial, disseram estar muito agradecidos pela maneira respeitosa e carinhosa com que foram tratados e que passaram a entender melhor o estilo de vida e os anseios das comunidades indígenas.