Vizinhos de Bolsonaro anunciam churrasco em grupo de Whatsapp após prisão do ex-presidente

23/11/2025 09h01 - Atualizado há 2 dias

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado (22/11). Ele estava em casa, no condomínio Solar de Brasília, onde já cumpria prisão domiciliar

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Foto: Agência Brasil/EBC

Moradores do condomínio Solar de Brasília, onde Jair Bolsonaro (PL) reside e foi preso na manhã deste sábado (22/11), anunciaram comemoração com churrasco logo após o ex-presidente deixar o imóvel em viatura da Polícia Federal (PF).

No grupo de moradores no WhatsApp, batizado como “Assuntos Gerais Solar BSB”, ao menos dois vizinhos anunciaram churrasco, sem mencionar o episódio. Um deles disse que era véspera de aniversário, mas que decidiu antecipar a comemoração, sem dizer o motivo.

“Hoje tá bom pra fazer um churrasco!”, escreveu outro. Já uma mulher apenas publicou um vídeo de Caetano Veloso cantando a música “É hoje”, com o trecho “Diga espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu”.

Enquanto isso, dentro e fora do condomínio prevaleceu a calmaria durante toda a manhã. Por lá não apareceram apoiadores nem críticos do ex-presidente. Alguns deles se encontraram na Superintendência da PF em Brasília, para onde o ex-presidente foi levado.

Como é a sala onde Bolsonaro está preso

Bolsonaro deve ficar preso preventivamente sozinho em uma sala de 12 metros quadrados da Superintendência da PF em Brasília.

O espaço é chamado de “Sala de Estado” e é reservado a autoridades como presidentes da República e outras altas figuras públicas presas. Ele foi reformado no primeiro semestre de 2025.

A sala não tem grades nem porta de ferro. Ela conta com uma janela, banheiro privativo com chuveiro elétrico, cama de solteiro, armário, mesa de trabalho, cadeira, televisão, frigobar e ar-condicionado.

O espaço em que Bolsonaro vai ficar se parece com o que abrigou o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Superintendência da PF no Paraná, em Curitiba, em 2018 e 2019.

A instalação fica no térreo da Superintendência da PF em Brasília. A unidade está no Setor Policial Sul, no fim da Asa Sul, vizinho à unidades de outras corporações, como a Polícia Rodoviária Federal e as polícias Civil e Militar, e em frente ao cemitério da cidade e a hospitais particulares.

A Superintendência da PF abriga unidades que cuidam de crimes federais no DF. No mesmo lugar, um complexo da PF, há outros prédios, como um destinado à realização de perícias.

A carceragem da superintendência brasiliense foi desativada em 2009. Ela tem apenas duas celas de passagem, destinadas a abrigar presos que aguardam transferência para o sistema penitenciário.

A Superintendência da PF não é o mesmo prédio alvo de uma tentativa de invasão por parte de apoiadores de Bolsonaro em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Lula como presidente da República.

Eles tentaram invadir o edifício-sede da PF, que fica no início da Asa Norte e abriga a cúpula da corporação e as delegacias especializadas que apuram crimes em todo o país.

Naquele dia, sem conseguir invadir o prédio, apoiadores de Bolsonaro fizeram uma série de atos de vandalismo na área central de Brasília. Depredaram patrimônios públicos e privados, atearam fogo em carros e ônibus e atacaram uma delegacia.

Primeira Turma vai analisar prisão preventiva

Após ser preso em casa, Bolsonaro foi levado, no início da manhã deste sábado, para a Superintendência da PF, onde foi submetido a exame de corpo de delito.

A medida não tem relação com a condenação a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, mas se trata de uma medida cautelar.

Logo em seguida, Bolsonaro foi colocado em uma “sala de Estado”, espaço reservado para autoridades, como presidentes da República e outras altas figuras públicas.

Bolsonaro deverá dormir no local por ao menos uma noite. Ele passará por audiência de custódia, por meio de videoconferência, marcada para às 12h de domingo (23/11).

Na audiência de custódia, Bolsonaro falará com um juiz. O magistrado vai avaliar se a detenção foi legal, se houve maus-tratos e se a pessoa deve continuar presa, responder em liberdade ou cumprir outra medida cautelar.

 A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) fará uma sessão virtual na segunda-feira (24/11) para decidir se mantém ou derruba a prisão preventiva de Bolsonaro.

Em setembro, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado para continuar no governo, mesmo após derrota nas urnas para Lula.

A preventiva decretada por Moraes neste sábado ainda não marca o início do cumprimento da pena de reclusão.

Por Renato Alves

O TEMPO