Soraya Thronicke deve rejeitar pré-candidatura a vice-presidente

03/05/2022 08h19 - Atualizado há 2 anos

A senadora é vice-líder de Bolsonaro no Congresso, a intenção é de que ela não concorra com o chefe

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Divulgação

CELSO BEJARANO, NAIARA CAMARGO

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke, do União Brasil, pediu “um tempo para pensar” na proposta que fizeram a ela: a de concorrer como vice na chapa do presidente nacional de seu partido, Luciano Bivar, que é pré-candidato à Presidência da República.

Por questões de parceria política com o presidente Jair Bolsonaro (PL), ela pode recusar.

A informação foi repassada ao Correio do Estado pelo vereador Coronel Alírio Villasanti, do União Brasil, em Campo Grande.

“Conversei com a senadora Soraya na sexta-feira [29], e ela me disse que foi sondada por membros da cúpula do partido União Brasil sobre sua disponibilidade para ser pré-candidata a Vice-Presidência na chapa pura, que terá o deputado federal Luciano Bivar como candidato à Presidência da República. Mas, segundo a própria Soraya, não tem nada oficial sobre aceitar a pré-candidatura”, afirmou o vereador.

Provavelmente, a senadora deva recusar o convite. É que Soraya é uma das vice-lideranças do governo no Congresso Nacional. Ou seja, a parlamentar é a porta-voz de Bolsonaro, que briga pela reeleição.

Seria o mesmo que afirmar que a senadora de MS estaria concorrendo com o “chefe”.

Soraya é apoiadora do presidente Bolsonaro desde que assumiu o primeiro mandato, em fevereiro de 2019. Até hoje, ela fica do lado do mandatário, mesmo em períodos críticos.

Além de agir no Congresso como vice-líder do governo, Soraya impôs outras condições para concordar em concorrer como vice, segundo o vereador Villasanti.

“Diante deste convite, a senadora Soraya pediu um tempo para pensar, falar com a família e conversar com Luciano Bivar [presidente nacional do União Brasil], antes de tomar qualquer decisão”, afirmou o vereador.

Outra questão que prejudicaria a senadora, caso ela aceite a pré-candidatura a Vice-Presidência, é de que o União Brasil, legenda com mais dinheiro para gastar nas eleições, por meio do Fundo Partidário, pretende crescer no Congresso Nacional e também nas assembleias legislativas. E, como vice, Soraya ficaria fica longe da disputa, sem poder apoiar seus indicados.

Ainda de acordo com o vereador Villasanti, o União Brasil quer fazer “uma campanha propositiva e apresentar as propostas do partido e, o mais importante neste contexto, é que os membros terão liberdade de optar em fazer aliança e trabalhar para os candidatos à Presidência que as bases locais entenderem ser melhor”.

“Em razão da afinidade e da proximidade que cada candidato tem com determinado pré-candidato, no meu caso em específico, como já havia declarado antes, meu apoio permanece à reeleição do presidente Jair Bolsonaro”.

Ou seja, conforme o dito pelo parlamentar, o próprio União Brasil regional, que tem como pré-candidata ao governo de Mato Grosso do Sul a deputada federal Rose Modesto, pode não apoiar Bolsonaro.

Aqui em MS, Bolsonaro deve contar com o apoio de ao menos dois pré-candidatos ao governo: Eduardo Riedel, o concorrente do PSDB, que firmou pacto com a ex-ministra Tereza Cristina (PP), pré-candidata ao Senado, e também o deputado Capitão Contar, do PRTB, que já demonstra interesse pela sucessão.

TERCEIRA VIA FRACA

O União Brasil, até uma semana atrás, integrava a chamada terceira via, meio de fortalecer uma candidatura para enfrentar Lula e Bolsonaro, os dois que se destacam, com folga, nas pesquisas de intenção de voto.

União Brasil se juntaria ao MDB, da senadora e pré-candidata à presidente Simone Tebet, ao PSDB, do também pré-candidato João Doria, ex-governador de São Paulo, e ainda ao partido Cidadania.

Com a renúncia do União do Brasil, ficou mais longe o propósito da terceira via. Assim, quase que se consolida a possível briga pela presidência envolvendo somente Lula e Bolsonaro.

BRIGA EM MS

Ao menos seis candidatos devem brigar pela sucessão de Reinaldo Azambuja. O PSDB concorre com o pré-candidato Eduardo Riedel; o PSD com o ex-prefeito Marquinhos Trad; o PT com Giselle Marques; o PRTB com o deputado estadual Capitão Contar; o União Brasil com a deputada federal Rose Modesto; e o MDB com o ex-governador André Puccinelli.

Entre os concorrentes, somente Capitão Contar disse já ter escolhido o vice, que seria seu parceiro de partido Beto Figueiró. Marquinhos disse que a escolha do vice ocorre somente em período próximo à convenção do partido, no meio do ano.

O PT deve definir por um filiado ao PSOL. O MDB ainda não trata do assunto, e a candidata Rose “estuda” escolhas. Eduardo Riedel adota uma espécie de silêncio momentâneo.

CORREIO DO ESTADO