Simone ganha força após saída de Doria; MDB local mantém foco em Puccinelli

24/05/2022 10h01 - Atualizado há 2 anos

Com a renúncia de João Doria (PSDB), senadora tem grandes chances de emplacar candidatura à Presidência da República

Cb image default
Bruno Henrique

CELSO BEJARANO

Ainda que mais perto de se consolidar como candidata à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MDB) não é, pelo menos por enquanto, o holofote dos emedebistas de Mato Grosso do Sul, terra natal da presidenciável.

Para o presidente do partido em Campo Grande, Ulisses Rocha, o foco hoje é a eleição do ex-governador André Puccinelli (MDB).

A quase estabilização da pré-candidatura de Simone deu-se ontem (23), com a renúncia do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que também queria concorrer à Presidência.

Na prática, Simone e Doria eram rivais pela cabeça de chapa da chamada terceira via, criada a partir da união do MDB, PSDB e Cidadania, de onde sairia um nome de consenso para concorrer à sucessão de Jair Bolsonaro (PL).

Simone avisara antes que só concordaria em disputar as eleições se fosse candidata à Presidência, mesmo desejo de Doria.

Até o PSDB, legenda do ex-governador de SP, o pressionou para abandonar a ideia e concordar com Simone na cabeça. Deu no que deu: Doria resolveu se afastar da briga, deixando o caminho livre para a senadora de MS.

Ulisses Rocha, líder do MDB municipal, disse que ainda nesta semana o partido deverá se reunir com Simone para discutir os rumos das eleições daqui em diante. “Na verdade, agora”, disse o presidente da sigla, “o empenho é na eleição do ex-governador André Puccinelli [que, se confirmada a candidatura, concorre ao mandato pela terceira vez], que governou MS de 2007 a 2014”.

Para Rocha, acordos nacionais, ou pactos partidários, no caso, podem não fortalecer candidaturas regionais.

“É ele [André] quem aparece como líder em pesquisas levantadas até por partidos adversários”, afirmou Rocha, reforçando a ideia de priorizar a concorrência pelo governo estadual, e não o federal.

Mesmo Doria saindo do páreo, MDB, PSDB e Cidadania devem caminhar juntos na disputa pelo Planalto. O PSDB nacional anunciou ainda ontem que se reunirá no dia 2 de junho para acertar o pacto com os dois partidos ou se lançará outro candidato.

A ideia é que os três partidos indiquem apenas um nome. Na semana passada, o trio partidário já havia anunciado a preferência por Simone.

SENADO

Ulisses Rocha disse acreditar que os acordos nacionais não devem influenciar nas disputas regionais. Aqui em MS, MDB e PSDB vão se enfrentar nas urnas. Até aqui, os emedebistas com Puccinelli, e o PSDB com Eduardo Riedel.

Até a semana passada, o discurso dos emedebistas quando o assunto era quem concorreria ao Senado pelo partido não seguia. Líderes da sigla aguardavam definições acerca da pré-candidatura de Simone.

O mandato da senadora expira em janeiro do ano que vem. Ela poderia brigar pela reeleição, mas já disse que não fará isso.

Rocha disse que o MDB tem pelo menos dois nomes que poderiam ser opções para concorrer ao Senado: Waldeli dos Santos Rosa, ex-prefeito de Costa Rica, e o ex-deputado federal Carlos Marun.

Sob o argumento de que “sozinho ninguém vai a lugar nenhum”, o dirigente municipal do MDB afirmou que seu partido tem conversado com outras legendas que podem entrar em uma eventual parceria política indicando nomes para o Senado e também um nome para compor como vice de André Puccinelli.

O Correio do Estado tentou falar com o presidente regional do MDB, Junior Mochi, e o com deputado estadual Marcio Fernandes, forte expressão na legenda, contudo, nenhum dos dois retornou as ligações até o fechamento desta edição.

A RENÚNCIA

O ex-governador João Doria disse não ser mais pré-candidato à Presidência na manhã de ontem, em São Paulo. “Entendo que não sou o candidato da cúpula do PSDB, e aceito. Sempre busquei e continuarei buscando o consenso, ainda que ele seja contrário a mim, saio de coração ferido e de alma leve”, disse o ex-governador. Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB estava ao seu lado.

Simone Tebet, em poucos minutos, por meio de sua assessoria de imprensa, assim comentou a renúncia do tucano: “Doria nunca foi adversário. Sempre foi aliado. Sua contribuição com a luta pela vacina jamais será esquecida”.

“Vamos conversar e receber suas sugestões para nosso programa de governo. O Brasil é maior do que qualquer projeto individual. Vamos trabalhar para unir todo o centro democrático. Gostaria muito de ter o PSDB e o Cidadania junto conosco. Vamos aguardar a decisão das direções partidárias. Vamos continuar nossa caminhada da esperança”, afirmou a senadora de MS.

OS CANDIDATOS

Vão concorrer ao governo de Mato Grosso do Sul em outubro André Puccinelli (MDB), Eduardo Riedel (PSDB), Marquinhos Trad (PSD), Rose Modesto (União Brasil), Capitão Contar (PRTB), Giselle Marques (PT) e Luhhara Arguelho (Psol).

CORREIO DO ESTADO