Senadores condenam avanço de manifestações antidemocráticas

16/06/2020 09h12 - Atualizado há 4 anos

Acampamento de apoiadores de Bolsonaro foi removido da Esplanada dos Ministérios no último sábado

Cb image default

Agência Senado

Através das redes sociais, senadores criticaram a escalada de manifestações antidemocráticas contra instituições do país e exigiram repressão contra os responsáveis. No último final de semana, em Brasília, grupos que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, invadiram espaços externos do prédio do Congresso Nacional e atiraram fogos de artifício contra a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

O líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou os acontecimentos como “atos criminosos” promovidos por “fanáticos bolsonaristas”. Também acusou o presidente de estimular os manifestantes e pediu “união dos democratas” em defesa das instituições.

“Temos que começar a chamar pelo nome correto: isso é uma milícia, que está armada com as argumentações ignorantes e violentas do presidente da República. São poucos e alienados, mas devem pagar pelos seus atos criminosos”, escreveu o senador.

O líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), disse ser “inaceitável” o ato contra o STF, que ele entende ser um “ataque”.

“A afronta às instituições democráticas passou de todos os limites. Não se pode confundir liberdade de manifestação com atitudes criminosas”.

O líder do PT, senador Rogério Carvalho (SE), expressou solidariedade aos ministros do STF e pediu que não se intimidem diante de “ativistas do ódio” e “meliantes”. Ele também destacou a associação das manifestações à figura do presidente.

“Crimes e ameaças autoritárias não são liberdade de expressão. A luta é contra o autoritarismo do Bolsonaro em defesa da democracia brasileira. Essa ação criminosa deve ser combatida rapidamente!”, declarou.

Acampamento

Rogério Carvalho também lembrou que a mobilização antidemocrática do final de semana aconteceu depois de o governador do Distrito federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF), ordenar a retirada dos manifestantes da Esplanada dos Ministérios, onde eles estavam acampados nas últimas semanas. Para o senador, a medida foi correta.

Na manhã desta segunda-feira (15) a Polícia Federal prendeu a ativista Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, líder do grupo de apoiadores de Bolsonaro que estava acampado em Brasília. Randolfe Rodrigues elogiou a ação.

“Quem afronta e desrespeita a Constituição, atacando as instituições e o Estado Democrático de Direito tem destino certo: a prisão. Podemos até discordar, em diversas coisas, do STF, mas ele está cumprindo seu papel. Lutaremos para que o Congresso também faça a sua parte”, escreveu.

Rogério Carvalho comemorou a prisão de Winter publicando uma mensagem que dizia “Grande dia!”, acompanhada de um emoji representando um polegar erguido em aprovação. Ele chamou a militante de “nazifascista”.

“Parabéns à Polícia [Federal] pela rápida resposta contra mais esse atentado contra nossa democracia!”, declarou.

Weintraub

O senador Humberto Costa (PT-PE) direcionou críticas ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, que compareceu a uma manifestação em Brasília. Na ocasião, Weintraub reiterou ataques aos ministros do STF, que chamou de “vagabundos”. Para Humberto, o ministro se mostrou “autoritário e ignorante”.

“[Weintraub] é um dos maiores irresponsáveis da República. Mesmo com o Brasil vivendo uma pandemia, saiu sem máscara e participou de ato com bolsonaristas. Weintraub, mais uma vez, atacou o STF e distribuiu ódio e preconceito”, lamentou o senador.

O líder do PSB, Veneziano Vital do Rêgo (PB), também criticou as falas de Weintraub, e lembrou que o ministro disse que o país não deveria investir dinheiro público na formação de sociólogos, antropólogos e filósofos. Para Veneziano, a afirmação foi “obtusa e preconceituosa”.

“A opinião do ministro reflete a sua identificação e aptidão em reproduzir os absurdos históricos cometidos contra a humanidade, e que são debatidos e analisados pelas ciências humanas”.

Outras manifestações

A líder do Cidadania, Eliziane Gama (MA), reiterou repúdio aos atos e compromisso em defender as instituições democráticas.

“A sociedade brasileira não suporta mais os extremismos, o desrespeito aos poderes da República, o autoritarismo na forma de governar, de cuidar da saúde da população. Vamos continuar firmes na defesa a democracia e do diálogo contra a intolerância”, escreveu.

O senador Fernando Collor (Pros-AL) afirmou ser “intolerável” a tentativa de intimidar violentamente o Judiciário, e criticou o presidente Jair Bolsonaro por não ter condenado as ações de seus apoiadores.

“Essa imagem é um ataque simbólico intolerável à instituição e à democracia. E é no simbólico em que se revela a realidade profunda. Transigir com atos dessa natureza é contemporizar com o risco fascista em curso”.

"Insanos"

Senadores alinhados com o governo também rechaçaram as manifestações do fim de semana. O líder do PSL, Major Olimpio (SP), destacou que o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, se pronunciou em apoio ao STF e foi insultado nas redes sociais pelos grupos pró-Bolsonaro.

“O ministro demonstra sensatez e respeito às instituições, repudia ataques à instalação do STF e já vira o novo comunista. Com insanos só Lei de Segurança Nacional, mas com interdição em manicômio judiciário. Os abusos do STF se combatem com a Constituição e não com barbárie”.

Já a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) insinuou que os manifestantes responsáveis pelos atos de agressão estão em busca de exposição e capitalização política.

“Aposto com vocês — e ganho — que a maioria desses manifestantes não fazem a mínima ideia do que significa o pedido de ‘fechar o Congresso Nacional e o STF’. Neste país, a falta de investimento na educação é um excelente investimento político para os sem caráter”.

Fonte: Agência Senado