Senadores alertam para risco de atos antidemocráticos em outros países
Capitólio dos EUA em 6 de janeiro: invasão repercutiu em todo o mundo
A invasão do Capitólio, local de reunião do Congresso americano, por apoiadores do ainda presidente americano Donald Trump, na quarta-feira (6), em Washington, gerou uma série de condenações por parte dos senadores brasileiros em seus perfis nas redes sociais. Em sua maioria, eles definiram o ato como extremista e antidemocrático e alertaram para o risco de outras nações estarem sujeitas a esse tipo de agressão.
“A invasão do Congresso dos Estados Unidos por manifestantes pró-Trump, para impedir sessão que certificaria a vitória de Joe Biden, é uma verdadeira afronta à democracia. Que sirva de alerta ao Brasil e que estejamos atentos para resistir a qualquer ameaça desta natureza no nosso país”, alertou o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Insuflados por Trump para se manifestarem na capital americana, extremistas tomaram o Capitólio para impedir que o Congresso certificasse a vitória do presidente eleito Joe Biden, a última etapa antes da posse no próximo dia 20. Ao menos quatro pessoas morreram e 52 foram presas em Washington.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), Nelsinho Trad (PSD-MS) disse que o ato é "inadmissível" e representa uma agressão daqueles que não aceitaram a derrota nas urnas.
“Da mesma forma que os vencedores devem saber vencer, os derrotados devem compreender a derrota e aceitá-la, isso faz parte da democracia. Estes manifestantes representam uma minoria inconformada, e essa atitude é inadmissível!”, afirmou.
A mesma condenação fez a senadora Leila Barros (PSB-DF). Para ela, os extremistas desrespeitaram a Constituição e o resultado das eleições norte-americanas.
“A invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira, é um ato extremista dos que perderam e não respeitam a vontade da maioria. As cenas de violência que acompanhamos são uma ameaça à democracia e mandam um sinal de alerta à comunidade internacional, incluindo o Brasil”, acrescentou.
Para o ex-presidente da República e senador Fernando Collor (Pros-AL), as cenas no Capitólio impressionaram pelo seu “forte simbolismo”. Ele defendeu a retomada da normalidade do rito democrático: “Faço votos de que a sessão do Congresso seja retomada ainda hoje (ontem) e o processo eleitoral possa ser, enfim, devidamente concluído pelo Parlamento”. Os parlamentares voltaram a se reunir, de madrugada, e ratificaram a contagem dos votos no Colégio Eleitoral, que deu vitória a Biden.
Já a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) classificou o ataque como “grave” e que indica uma clara tentativa de golpe à maior democracia do mundo.
— Numa democracia, invadir o Parlamento é claramente uma tentativa de golpe. A democracia americana foi profundamente agredida pela estupidez de um líder que não aceita perder nas urnas, e isso é muito grave — disse em entrevista à Rádio Senado.
Para o senador Cid Gomes (PDT-CE), “não se deve brincar com a democracia”. Ele atentou para a obrigação de se respeitar o resultado das eleições.
“Assistimos hoje nos EUA uma afronta ao estado de direito. É um péssimo exemplo que pode suscitar aventuras antidemocráticas em outros países. Toda atenção é pouco”, enfatizou.
O líder do Podemos, senador Alvaro Dias (PR), citou que os extremistas “mostraram a cara horrenda da intolerância” e confirmaram que a ignorância não tem limites.
“A violência, a intolerância, o extremismo prepotente, a afronta a soberania popular, não edificam nações civilizadas”, completou.
Já na avaliação da presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Simone Tebet (MDB-MS), não há espaço para retrocessos na democracia. Ela também condenou o que chamou de desrespeito à Constituição.
“Não se trata de invasão de um prédio público, mas da democracia na sua essência: o respeito à soberania da vontade do povo norte-americano. Democracia e submissão de todos à Constituição Federal não admitem retrocessos e precisam ser reconhecidos como valores absolutos”, destacou.
Nos primeiros momentos da invasão ao Capitólio, o presidente do Senado e da Mesa do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, divulgou nota em repúdio ao ato de violência e se solidarizou com os congressistas e o povo americano.
“As imagens da invasão ao Congresso americano, em uma tentativa clara de insurreição e de desprezo ao resultado das eleições por parte de um grupo, são inaceitáveis em qualquer democracia e merecem o repúdio e a desaprovação de todos os líderes com espírito público e responsabilidade. O Senado Federal brasileiro acompanha atentamente o desenrolar desses acontecimentos, enviando aos congressistas e ao povo americano nossa solidariedade e nosso apoio. Defendo, como sempre defendi, que a democracia deve ser respeitada e que a vontade da maioria deve prevalecer”, disse.
Confira as manifestações de outros senadores.
Fabiano Contarato (Rede-ES):
"Os detratores da democracia, insuflados por tiranetes, atentam contra as instituições, buscando subverter as urnas. Se não puderem acatá-las pelo espírito público que de todos se espera, que sejam dissuadidos de sua empreitada maldita pelo peso da lei!"
Soraya Thronicke (PSL-MS):
"Chegamos aqui sem nenhum ato de vandalismo e me orgulho de ter participado da organização de inúmeras manifestações democráticas e pacíficas. Meu repúdio a qualquer ato antidemocrático advindo de qualquer lado."
Paulo Rocha (PT-PA):
"O que está acontecendo agora nos Estados Unidos é uma das expressões do que a extrema direita é capaz, em TODOS OS LUGARES. É isto o que a política autoritária e antidemocrática promove e incentiva em todo o mundo."
Maria do Carmo Alves (DEM-SE):
"Assisti cenas inimagináveis para todos nós que temos convicções democráticas profundas: a invasão do Congresso americano por seguidores do presidente Trump. Essa violência se deu no dia em que os congressistas se reuniram para certificar a vitória do presidente Joe Biden, causando a morte de uma pessoa. Repugnante!"
Esperidião Amin (PP-SC):
"Acompanhei a reportagem da CNN sobre a invasão do Congresso dos Estados Unidos! Coisa de Netflix! Provavelmente, o 'mercado' vai declarar valorização do dólar! Aqui, seria coisa de 'republiqueta!'. O filme Independence Day é 'coisa miúda'! Como lembrou Obama, em seu discurso de 16/11/2016, depois da eleição de Trump, a democracia está enfrentando dificuldades muito grandes para resolver problemas postos RADICALMENTE! Discurso feito, não por acaso, em Atenas."
Renan Calheiros (MDB-AL):
"O mundo chocado com imagens de Washington. Hordas de desordeiros insuflados por mentiras de Trump pisoteiam a Constituição e afrontam a democracia. Aqui, seus apoiadores estão calados. Melhor assim."
Eduardo Braga (MDB-AM):
"A invasão do Congresso norte-americano é uma afronta escandalosa à democracia. Um exemplo de selvageria e radicalismo que precisa ser repudiado com todo vigor. Acatar o resultado das urnas e a vontade da maioria é princípio básico de qualquer nação democrática."
Marcos do Val (Podemos-ES):
"Mais de 325 milhões de americanos foram envergonhados por esse grupo. Um país em que a democracia vige há 233 anos não poderia passar por isso. Meu apoio a todos os americanos que respeitam essa democracia, que sempre foi exemplo para o mundo!"
Carlos Fávaro (PSD-MT):
"A democracia é soberana porque representa a vontade do povo. Cenas de ataque à democracia como estamos vendo nos Estados Unidos são repudiáveis porque atacam não apenas uma eleição, atacam, com efeitos globais, as liberdades e os direitos dos cidadãos."
Jean Paul Prates (PT-RN):
"A 'maior democracia do mundo' tem dia de república bananeira. Horas atrás, Trump usou o Twitter para incitar extremistas a uma reação contra sua derrota. Arruaceiros invadiram o Capitólio e paralisaram o processo que proclamaria Joe Biden presidente. Não se deve brincar com a democracia, e é isto que acontece quando se elegem irresponsáveis para cargos de liderança. Respeitar a voz das urnas é obrigação de todos, seja nos Estados Unidos ou no Brasil."
Rodrigo Cunha (PSDB-AL):
"Extremante preocupante o episódio de hoje nos Estados Unidos. É inadmissível qualquer ato de violência à democracia. Não podemos retroceder."
Rogério Carvalho (PT-SE):
"O Trump, assim como o Bolsonaro, não se submete a nada além da própria vontade. Eles ameaçam a democracia e o processo civilizatório da humanidade. São populistas e autoritários. O mundo já sabia e sabe do que eles são capazes."
Humberto Costa (PT-PE):
"O mundo acompanha o infeliz desfecho de um presidente desagregador, extremista, uma verdadeira fábrica de fake news, que nunca demonstrou apreço pela democracia. Que sirva de alerta para o Brasil. Trump é um fanático que, derrotado nas urnas pela vontade popular, joga o próprio país no caos para tentar proveito político disso."
Alessandro Vieira (Cidadania-SE):
"É um bom recado para os brasileiros, uma vez que vivemos hoje numa nação que se divide politicamente e que tem, continuamente, ataques à democracia por parte de alguns dos seus representantes. A lei tem que se impor."
Randolfe Rodrigues (Rede-AP):
"Minha solidariedade ao povo norte-americano. Tenho certeza que as instituições dos Estados Unidos não deixarão que vandalizem sua democracia, firmada há mais de 200 anos na história mundial. Estes que tentam agredir as eleições democráticas pelo mundo, tem medo do povo e não prevalecerão!"
Zenaide Maia (Pros-RN):
"Isto é inegociável, em uma democracia: reconhecer a derrota nas urnas, assegurar uma transição pacífica, respeitar a vontade do povo, manifestada pelo voto. Que as cenas lamentáveis da invasão ao Congresso americano nos sirvam de alerta."
Jarbas Vasconcelos (MDB-PE):
"A democracia deve ser respeitada e seus valores preservados. A vontade do povo expressa nas urnas também. É motivo de repúdio os atos de violência promovidos pelo ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma postura que a história saberá julgar."
Daniella Ribeiro (PP-PB):
"Minha solidariedade aos congressistas e ao povo dos Estados Unidos. Sou contra a qualquer ação que tente ameaçar os princípios e instituições democráticas. Tais ações desabonam o povo e a sua legitimidade."
Fonte: Agência Senado