Senador Relator do processo de Dilma, Anastasia do PSDB, é acusado de corrupção e pedaladas fiscais
Controladoria-Geral do estado apontou corrupção, desvios e mau uso de dinheiro público em uma obra construída durante governo do atual relator da comissão do impeachment de Dilma
Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral de Minas Gerais identificou corrupção e desvios de dinheiro durante a construção de um centro internacional de meio ambiente na gestão de Antonio Anastasia (PSDB), senador e relator da comissão especial do impeachment de Dilma Rousseff. As informações, que correm em sigilo, são da Folha de S. Paulo.
O órgão do governo estadual auditou R$ 37,7 milhões da obra, cerca de 16% dos R$ 230 milhões usados para concluir o projeto. O edifício, localizado na cidade de Frutal (MG), usou recursos federais, estaduais e do BNDES. A investigação concluiu que os prejuízos ao dinheiro público chegou à marca de R$ 18 milhões – 48% do que foi analisado. Além disso, o ex-governador também é acusado de praticar as chamadas pedaladas fiscais.
O centro de pesquisa, chamado Cidades das Águas – Hidroex, é um complexo desenvolvido em parceria com a Unesco para fomentar a pesquisa na área de recursos hídricos.
Entre as irregularidades encontradas, estão pagamentos indevidos a companhias por serviços que não foram realizados ou que descumpriram contrato, superfaturamento, falta de transparência nas licitações, não entrega de equipamentos e controle inadequado.
Uma parcela das irregularidades teria beneficiado a Construtora Waldemar Polizzi (CWP), que era controlada por familiares de Anastasia até quatro meses antes de ele se tornar governador de MG, em 2010. A CPW recebeu, de acordo com os auditores, R$ 8,6 milhões em dinheiro público. A companhia também teria deixado de recolher cerca de R$ 400 mil em taxas de fiscalização de licitação.
A seleção entre as empresas concluiu que apenas Waldemar Anastasia Polizzi, primo em primeiro grau do senador, seria apto para construir a obra. Para a auditoria, as exigências do edital de licitação barraram um processo de livre concorrência. Ao jornal, Polizzi afirmou que, na prática, não era o responsável técnico pela construção, por isso a inclusão de seu nome na concorrência seria fraudulenta.
A assessoria do senador Antonio Anastasia afirmou, em nota, que o ele não teve envolvimento no caso. “A empresa Construtora Waldemar Polizzi estava desativada havia vários anos. Em 2009 ela foi vendida. Interessava a quem a adquiriu os chamados atestados técnicos cujo titular era Waldemar”. Ele alega também que não foi procurado pela Controladoria para falar sobre o assunto. Procurados, os dirigentes da CWP não responderam às ligações da reportagem.