'Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições', disse Heleno a Bolsonaro em reunião
Diálogo foi obtido durante as investigações da PF, que realizou operação contra o ex-presidente nesta quinta-feira (8)
O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno afirmou ao ex-presidente Jair Bolsonaro que "se tiver que virar a mesa, é antes das eleições". O general do Exército disse também que seria necessário "agir contra determinadas instituições e pessoas". As declarações ocorreram durante reunião ministerial, em 2022, e foram coletadas pelas investigações da Polícia Federal, que realizou operação que tem entre os alvos o ex-chefe do Executivo.
"Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições", disse Heleno. Na sequência, o general afirma de forma categórica que deveriam agir contra determinadas instituições e pessoas.
"Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro", completa Heleno em diálogo obtido pela PF.
Operação da PF
Bolsonaro é um dos alvos da operação que a Polícia Federal realiza na manhã desta quinta-feira (8) em dez estados para apurar a participação de pessoas na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do ex-chefe do Executivo no poder. Foi determinada a apreensão do passaporte do ex-presidente, e os agentes aplicaram outras medidas restritivas a ele.
Entre os alvos, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa). A PF prendeu o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República Filipe Martins e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República Marcelo Câmara.
Ao todo, os agentes cumprem 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Plínio Aguiar e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília