'Se eu tivesse medo, não era presidente', diz Lula sobre homem que ameaçou matá-lo

05/08/2023 04h15 - Atualizado há 1 ano

Fazendeiro que afirmou pretender 'dar um tiro' no petista foi preso pela Polícia Federal; chefe do Executivo reclamou de carro blindado

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ADRIANO MACHADO/REUTERS - 13.07.2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta sexta-feira (4) a prisão de um fazendeiro que ameaçou "dar um tiro" no petista. A detenção ocorreu em Santarém, no Pará. Mais cedo, a corporação cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de outro homem, um vigilante suspeito de propagar nas redes sociais imagens ameaçadoras de ataques ao chefe do Executivo.

"Ele está preso, há boatos de que em Belém tem também um cidadão que diz que ia matar. Se eu tivesse medo, não teria nascido. Se eu tivesse medo, não era presidente da República. Eu aprendi com a minha mãe a não ter medo de cara feia, cachorro que late não morde", afirmou Lula.

"E, portanto, eu vou fazer deste país um país civilizado, que as pessoas levantem de manhã sorrindo, que possam cumprimentar o vizinho, que possam falar bom-dia, que botem as crianças na mesa com pão, manteiga, café, queijo e o que mais as pessoas quiserem", completou.

A prisão do fazendeiro ocorreu na última quinta-feira (4). De acordo com a Polícia Federal, o homem teria feito pesquisas para descobrir o hotel em que o presidente vai se hospedar, em Santarém (PA), no começo da próxima semana. O suspeito também teria proferido as ameaças enquanto comprava bebidas em uma loja. Ao adquirir os produtos, ele teria dito que "daria um tiro na barriga do presidente".

O inquérito da Polícia Federal foi instaurado depois que uma das testemunhas denunciou as falas, logo após o episódio. Ao ser encontrado, nesta quinta-feira (3), o suspeito afirmou que participou dos atos extremistas do 8 de Janeiro, em Brasília, e invadiu o Salão Verde da Câmara dos Deputados.

Durante a operação que prendeu o homem, os investigadores encontraram um comprovante de compra e venda de um imóvel na região, no valor de R$ 2,5 milhões. Ele declarou ser fazendeiro e já ter trabalhado como garimpeiro. De acordo com a PF, ele pode responder pelos crimes de ameaça e incitação a atentado contra pessoa por motivos políticos ou preparo dele.

Mais cedo nesta sexta-feira, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão contra um vigilante suspeito de propagar nas redes sociais imagens ameaçadoras de ataques ao presidente. O mandado foi cumprido em Belém (PA). Segundo as investigações, o homem possui porte de arma de fogo.

Além disso, segundo a PF, a ação "busca angariar mais elementos de convicção acerca do cometimento de crimes e evitar a possibilidade de atentado ao presidente". Os conteúdos extremistas foram identificados na rede social do vigilante.

Carro blindado

As declarações foram feitas por Lula durante um compromisso em Parintins (AM). Na agenda, o presidente anunciou a retomada do programa Luz para Todos, que tem o objetivo de levar energia elétrica à população rural, em especial no Norte do país e em regiões remotas da Amazônia Legal. De acordo com o governo federal, o objetivo é beneficiar até 500 mil famílias até o fim do mandato, em 2026. Além disso, o petista assinou um decreto que permite ao Brasil voltar a comprar energia elétrica da Venezuela.

Durante a cerimônia, Lula reclamou de andar em carro blindado. "Havia 20 anos que eu não vinha aqui. Eu desço no aeroporto, me colocam dentro de um carro blindado, vidro fumê, tinha insulfilm, eu não consigo ver ninguém e ninguém consegue me ver. Mulheres, homens e crianças na rua fazendo sacrifício enorme para olhar e conseguir enxergar a gente. E eu dentro de um carro, como se estivesse dentro do presídio. Eu quero pedir desculpas de coração. Isso não se repetirá", afirmou o presidente.

"A gente é candidato e normalmente anda de carro aberto, com os dentes arreganhados, abanando a mão para vocês. Quando a gente ganha, colocam a gente dentro de um carro blindado, insulfilm, nem vocês me veem e nem eu vejo vocês", completou o presidente.

 Plínio Aguiar, do R7, em Brasília