Renovação da aliança PSDB-PSD para 2022 é incerta

12/07/2021 08h13 - Atualizado há 3 anos

Em público, Azambuja e Marcos Trad mantêm bom relacionamento; nos bastidores, assessores se alfinetam

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Foto: Arquivo/Chico Ribeiro

Graziella Almeida

Apesar das boas relações mantidas em agendas públicas, a guerra de bastidores entre os grupos ligados ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e ao prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), pode ser o indício de um “divórcio” na aliança entre os dois partidos, que existe desde as vantagens de 2016.

Ainda que prefeito e governador oficialmente mantenham relação respeitosa e elogios mútuos, o que se vê é que seus dirigentes partidários já não se entendem muito bem quando o assunto é uma organização para o pleito de 2022.

As lideranças dos dois partidos mostram firmes e não arriscam comentários, evitando possíveis atritos possíveis que afetam candidaturas em evidência em 2022. A postura ficou evidente no sábado, em evento que abriu como prévias nacionais do PSDB com a presença do governador de São Paulo , João Doria.

Uma fonte do PSDB afirmou que o partido já trabalha com uma possibilidade de não contar com o PSD e que conversa com várias outras siglas.

Atritos

Os atritos entre a Prefeitura de Campo Grande e o governo do Estado aparecem no início da pandemia de Covid-19, primeiro, com medidas restritivas ultrapassando as competências municipais, depois, contrapondo decretos estipulados pelo Poder Executivo estadual.

Por fim, a questão das vacinas destroçadas à região de fronteira, que deu a oportunidade do prefeito da Capital alfinetar as ações feitas pelo até então parceiro Reinaldo Azambuja.

Procurado pelo Correio do Estado, o presidente do PSDB estadual foi questionado sobre o assunto, mas preferiu se isentar das respostas.

“São posicionamentos que não devem ser comentados”, disse. Nelson Trad Filho, presidente do PSD no Estado, também não se pronunciou a respeito.

Cenário contraditório

Após declarações em que afirmou agir de acordo com as ações do governo do Estado, Marcos Trad se descontente e indicou sua indicação às medidas restritivas sugeridas, indo contra decretos e entrando em necessário sobre a quantidade de leitos hospitalares.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) estava omitindo informações e, apesar do quadro da pandemia estar alto, afirmando que a situação em Campo Grande estava estabilizada.

“Temos que aprender um conviver com uma pandemia de Covid-19. Continuamos com as medidas restritivas, como o toque de recolher, e é possível fazer isso sem afetar a economia e o comércio. Antes disse que respeitaria o decreto, mas não vejo por que fechar novamente ”, afirmou o prefeito de Campo Grande.

Depois disso, a relação entre os tucanos e o líder do PSD municipal estremeceu ainda mais, após Trad conseguir o apoio de outros municípios.

A rotina voltou, e o estudo sobre imunidade coletiva em 13 cidades fronteiriças estreitou mais ainda o laço, visto que o chefe do Executivo de Campo Grande pediu que parte das vacinas da Janssen fosse disponibilizada para a Capital.

Recorreu ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e não teve seu pedido atendido, mas se comer alfinetar indiretamente como ações e torcer para a ineficácia da força-tarefa.

O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, disparou em nomeação que, apesar de ter “gente torcendo contra”, o governo do Estado está auxiliando dos 79 municípios na vacinação contra a Covid-19.

“Teve gente que torceu contra esse estudo nas fronteiras. Não adiantou, e denúncias um bom trabalho ”, disse Resende.

Na Câmara

Tiago Vargas é o vereador mais votado do PSD em Campo Grande, mas continua reafirmando sua opinião contrária ao governador Reinaldo Azambuja, transformando suas críticas em desavenças pessoais.

Apesar de o atrito ser firmado pelo parlamentar, o presidente do PSD, Nelson Trad Filho, e o chefe do Executivo de Campo Grande, Marcos Trad, parece não se importar com o que está sendo dito por Vargas, ignorando a quebra de decoro.

O ex-vereador e então titular da Secretaria de Estado de Cultura e Cidadania (Secc) João César Mattogrosso destaca que as ofensas feitas por Tiago Vargas são desnecessárias e que medidas foram retiradas por Reinaldo Azambuja para conter o assunto.

“O governador tomou como medidas corretas quanto a isso, são acusações graves e não cabe aos parlamentares tucanos entrarem com algum tipo de denúncia contra o Tiago”, explicou Matogrosso. 

CORREIO DO ESTADO