PSL tem dificuldades para se estruturar

20/07/2020 08h37 - Atualizado há 4 anos

De “onda Bolsonarista” a esfarelamento, partido enfrenta crise às vésperas de eleição

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Soraya Thronicke endossou a pré-candidatura de Vinícius Siqueira, contrariando a expectativa de muitos membros do partido - Foto: Reprodução / Facebook

O PSL-MS enfrenta uma crise existencial às vésperas da eleição para o Executivo e Legislativo de Campo Grande.

A legenda, que ganhou força em 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, e que na “onda Bolsonarista” conseguiu eleger em Mato Grosso do Sul uma senadora, dois deputados federais e dois deputados estaduais, além de arrematar vereadores, hoje sofre críticas de traições e baixa produtividade.

A crise mais recente estava sendo tratada internamente pelo PSL, mas veio à tona para a sociedade no debate realizado entre alguns dos pré-candidatos à Prefeitura de Campo Grande pelo blog de Alípio Neto, em 11 de julho.

Marcelo Miglioli:

O pré-candidato Marcelo Miglioli (SD) afirmou que “depois do que ele [o vereador Vinícius Siqueira, pré-candidato ao Executivo pelo PSL] fez o que fez com o [deputado Estadual] Contar, do partido dele, não deveria criticar ninguém”.

A fala faz referência ao que foi considerado uma traição pela ala do PSL-MS contra o deputado estadual Capitão Contar.

Capitão Contar:

Eleito o deputado estadual mais bem votado para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Capitão Contar (sem partido), na época, filiado ao PSL, foi aclamado por membros da sigla para disputar a Prefeitura de Campo Grande neste ano.

Porém, o parlamentar teve seu nome vetado pela presidente estadual do PSL, senadora Soraya Thronicke, sem justificativa nenhuma, apenas por não fazer parte de sua base. Em seu lugar, o vereador Vinícius Siqueira, ex-DEM e recém-filiado ao PSL, assumiu a vaga para o pleito.

Além disso, o PSL afastou-se de Bolsonaro (sem partido) desde 2019 e passou, inclusive, a punir parlamentares que continuavam fiéis ao presidente.

Esta traição acarretou a saída do deputado Capitão Contar do PSL, deixando a legenda sem representatividade na Assembleia Legislativa. 

Partido dividido

O partido enfrenta crises deste 2018. Antes mesmo de ser empossada, a senadora Soraya Thronicke ajuizou ação contra o seu suplente e ex-presidente da sigla Rodolfo Nogueira.

Soraya afirmou que teria sido vítima de ameaças e registrou boletim de ocorrência contra o aliado, mas perdeu a ação na Justiça Eleitoral por falta de provas.

Na época, integrantes do partido entenderam a ação como uma tentativa de retirar Rodolfo Nogueira da suplência para privilegiar o segundo suplente, Danny Fabrício, mais próximo da senadora. Fabrício é sócio de Soraya em escritório de advocacia e já foi alvo de investigação por lavagem de dinheiro.

Outra polêmica envolvendo o PSL-MS foi a invasão de hackers ao celular do deputado estadual Coronel David (sem partido) em setembro de 2019.

Maior aliado do presidente Bolsonaro em Mato Grosso do Sul e também destaque no PSL para concorrer à Prefeitura de Campo Grande, o parlamentar afirmou que teve o seu celular clonado e que hackers ligados ao diretório do PSL enviaram do seu aparelho e divulgaram conteúdo falso que o ligaria à esquerda.

O ataque tornou insuportável a sua permanência no PSL e, em março de 2020, o deputado teve o aval do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) para deixar a legenda.

Perdendo os principais líderes de votos e ainda querendo surfar na “onda Bolsonarista”, o PLS-MS entra na disputa pela Prefeitura de Campo Grande e para a Câmara Municipal com críticas de ineficiência e de poucas ações concretas de combate à corrupção, bandeira.

Gasto público

A senadora Soraya Thronicke foi eleita defendendo o combate à corrupção e a diminuição dos gastos públicos.

Na prática, a parlamentar dispendeu, apenas em monitoramento das redes sociais, R$ 73,8 mil em um ano de mandato. Além desse gasto, já desembolsou R$ 28,7 mil com móveis para o escritório dela.

Da Redação

CORREIO DO ESTADO