PSL leva apenas dois anos para envelhecer a “nova política” em Campo Grande

15/09/2020 11h08 - Atualizado há 4 anos

Deputado Loester Trutis e senadora Soraya Thronicke disputam para ver quem lança candidato na Capital

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Arquivo/Correio do Estado

Da Redação

O PSL em Mato Grosso do Sul não é nem a sombra da sigla que surgiu para mudanças políticas no País, com bandeiras consideradas conservadoras, mas aprovadas por mais de 57 milhões de brasileiros.

A legenda despontou em 2018 graças ao seu maior cabo eleitoral, o então deputado federal e hoje presidente da República Jair Bolsonaro, que anunciava o surgimento de uma “nova política”.

Na chamada onda bolsonarista à época, figuras desconhecidas politicamente, como a advogada Soraya Vieira Thronicke e Loester Carlos Gomes de Souza, o Trutis, aproveitaram o momento para adotar o mesmo discurso e se elegeram ao Senado e à Câmara dos Deputados, respectivamente.

Passados poucos meses, a dupla conseguiu o comando do partido e passou a uma guerra e perseguição interna.

Culminou que hoje, dois anos depois, essa guerra tem como pano de fundo a disputa pela Prefeitura de Campo Grande.

Trutis retirou a pré-candidatura do vereador Vinícius Siqueira, promoveu convenção e foi indicado para a disputa. Soraya reagiu e pediu na Justiça Eleitoral o cancelamento do ato político ocorrido no domingo.

A ânsia em dominar o partido — o maior contemplado em nível nacional com recursos bilionários a serem distribuídos às legendas – fez com que a dupla agisse contra os companheiros.

Como consequência, perdeu o deputado estadual Coronel David, de musculatura eleitoral reconhecida (o segundo mais votado) e que não compactuou com os rumos que estavam sendo tomados.

A sigla tenta ainda cassar o primeiro-suplente da senadora e está em briga na Justiça com outro parlamentar, Capitão Contar, de quem deseja tomar o mandato. Nesta campanha eleitoral, o racha agora é entre Soraya e Trutis.

GOLPE

O ato contra Siqueira, que foi informado às vésperas da convenção de que não seria mais o nome do partido para disputar a Prefeitura de Campo Grande, causou espanto até nos mais antigos políticos, que se recordam que isso ocorria em tempos passados, assegurando que até a traição era anunciada dias antes das convenções.

O pior, segundo eles, é que o vereador foi convidado a sair do partido anterior, o DEM, já na condição de pré-candidato a prefeito do PSL e estava trabalhando para isso.

É claro que se atribui uma dose de ingenuidade ao vereador, o 16º mais votado dos 29 candidatos para a Câmara Municipal, em 2016.

Para tirar o pré-candidato Vinícius Siqueira e assumir o seu lugar, após realização da convenção, Trutis alegou que pesquisas indicaríam que ele era o nome com maior preferência para concorrer.

O vereador, que exerce o seu primeiro mandato, teve 3.396 votos e foi eleito em virtude de sua participação em movimentos de protestos contra o governo da esquerda. Na época, não teve a candidatura alavancada pela onda bolsonarista.

Já Loester Carlos Gomes de Souza, o Trutis, se beneficiou usando o nome e as propostas de Bolsonaro, obtendo 56.339 votos, sendo 29.098 em Campo Grande.

Foi o sexto na lista de oito deputados federais e, na análise de alguns políticos, respeitando-se as proporções, não significa uma votação extraordinária.

Até amanhã (16), último dia para as convenções, novos lances podem ocorrer envolvendo o PSL, uma vez que a dupla que agia em conjunto entrou em confronto.

Vereador agora é secretário-geral

Da surpresa de ter sido rifado de sua pré-candidatura a prefeito pelo deputado federal Loester Trutis, o vereador Vinícius Siqueira ganhou nova chance: será secretário-geral da legenda e volta a ser pré-candidato a prefeito.

CORREIO DO ESTADO