PRESIDENTE DA CCJ: Simone Tebet cobra que Bolsonaro peça desculpas a Maia

18/04/2020 09h16 - Atualizado há 4 anos

Presidente disse, em entrevista, que Maia trama contra seu governo

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Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB), cobrou que o presidente Jair Bolsonaro peça desculpas ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), sobre insinuações de que Maia trama contra o governo federal.

Conforme a senadora, a fala do presidente, em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17), expôs todos os parlamentares. Bolsonaro disse que Maia "quase conspirou contra o Brasil", "colocou os governadores contra o presidente" e "queria enfiar a faca no governo federal". Em resposta, Maia afirmou que não vai atacar Bolsonaro.

"Não vamos tapar o sol com a peneira. A fala de ontem, infeliz, do presidente da República expôs todos nós, expôs de forma indevida. Neste momento em que estamos fazendo um esforço para aprovar medidas relevantes para o País, a fala do presidente foi indevida e enseja, para todos nós, o Congresso Nacional como um todo, um pedido de desculpas neste momento”, afirmou Simone.

Ainda em pronunciamento, a senadora por Mato Grosso do Sul afirma que as ações dos parlamentares são para ajudar o governo com aprovação de medidas para enfrentamento da pandemia do coronavírus.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB), cobrou que o presidente Jair Bolsonaro peça desculpas ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), sobre insinuações de que Maia trama contra o governo federal.

FARPAS

Após demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), o presidente Jair Bolsonaro confrontou ontem à noite o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Disse, em entrevista à rede de TV CNN, que sua atuação é "péssima".

"O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas. Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca. Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado", disse Bolsonaro.

Horas antes da entrevista do presidente à CNN, Maia havia assinado uma nota conjunta com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) em defesa de Mandetta, também filiado ao seu partido.

No dia anterior, a Mesa Diretora da Câmara deu prazo de 30 dias para que Bolsonaro apresente à Casa o resultado dos seus exames para covid-19. Bolsonaro fez os exames para detectar o novo coronavírus em 12 e 17 de março, após voltar de missão oficial nos Estados Unidos. Nas duas ocasiões, o presidente informou, via redes sociais, que os testes deram negativo para a doença, mas não exibiu cópia do resultado.

Apesar dos ataques feitos ontem, Bolsonaro disse, durante a entrevista, que não está rompendo com o Congresso e que está disposto a dialogar com os parlamentares. "O Brasil não merece o que o senhor Rodrigo Maia está fazendo. Péssima atuação. Não estou rompendo com o Parlamento, não. Muito pelo contrário."

Bolsonaro acusou o presidente da Câmara de conduzir o País ao caos com medidas econômicas "escandalosas", como a ajuda emergencial aos estados e municípios. Ele ainda criticou a votação virtual na Câmara, adotada após a pandemia do coronavírus. "Parece que a intenção é outra, que ele está conduzindo o País para o caos. Estas medidas são escandalosas. Esta forma de votação pela internet impede um debate melhor."

Maia ainda foi acusado de querer assumir a Presidência. "Lamento muito a posição do Rodrigo Maia, que resolveu assumir o papel do executivo. Ele tem que me respeitar como chefe do Executivo", disse.

Maia reagiu às críticas, também em entrevista à CNN: "O presidente ataca com um velho truque da política, com a demissão ele quer mudar o tema", afirmou Maia, que disse não ter intenção de prejudicar o governo. "O presidente não vai ter mim ataques. Ele joga pedras e o Parlamento vai jogar flores", completou.

* Com Estadão Conteúdo

Glaucea Vaccari

CORREIO DO ESTADO