Polícia vai às ruas para identificar participantes de atos bolsonaristas

08/11/2022 09h22 - Atualizado há 2 anos

Alexandre de Moraes ainda cobrou o compartilhamento dos dados das pessoas envolvidas nas manifestações ilegais em frente aos quartéis das Forças Armadas

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Bolsonaristas pedem por intervenção federal durante atos antidemocráticos em frente ao CMO, na Capital - MARCELO VICTOR

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu prazo de 48 horas para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviar informações à Corte sobre participantes dos atos bolsonaristas.

Conforme apurado pelo Correio do Estado, em Campo Grande, as forças policiais devem a partir de hoje coletar informações, aplicar multas e intervir de uma forma mais direta nos atos em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), que perduram há mais de uma semana e que impedem o direito de ir e vir da população.

Os atos dos seguidores do atual presidente, que começaram na capital de Mato Grosso do Sul na segunda-feira pós-eleição, pedem que as forças militares assumam o comando do País e recontagem dos votos, entre outras medidas contrárias à democracia.

Financiados por apoiadores do setor do agronegócio, os bolsonaristas passaram os últimos dias entoando o Hino Nacional, alternando com gritos pedindo por intervenção militar em frente ao CMO.

Em seus discursos, os líderes de movimentos políticos de ultradireita destacaram que as Forças Armadas são pagas com o dinheiro do contribuinte e que “chegou a hora de os militares retribuírem com ações que garantam a moralidade do País”.

No entanto, é importante destacar que, na eleição de 30 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve 60,3 milhões de votos (50,9%), e Jair Bolsonaro (PL), 58,2 milhões de votos (49,1%). Ao superar a marca de 60 milhões de votos, Lula tornou-se o presidente eleito mais votado da história.

DECISÃO DO STF

A decisão do STF deverá ser cumprida também pela Polícia Federal (PF) e as polícias civil e militar dos estados. O ministro Alexandre de Moraes determinou, ainda, que as entidades policiais apresentem, em até dois dias, todas as informações sobre os organizadores, os financiadores e os líderes dos atos antidemocráticos promovidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

As manifestações atentatórias à democracia são realizadas em diversas cidades do País, por inconformismo com os resultados das eleições que deram vitória ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro ainda cobrou o compartilhamento dos dados dos bolsonaristas envolvidos nas manifestações ilegais em frente aos quartéis das Forças Armadas.

Os responsáveis pelas forças policiais ainda terão de informar todas as medidas adotadas até o momento para lidar com os bloqueios de rodovias e estradas por apoiadores de Bolsonaro, assim como o que foi feito em relação aos atos antidemocráticos em frente aos quartéis das Forças Armadas.

“Determino às polícias civis e militares dos estados e Distrito Federal, bem como à Polícia Federal e à Polícia Rodoviária Federal, o envio de e sobre a identificação dos caminhões e veículos que participaram ativamente dos bloqueios e nas manifestações em frente aos quartéis das Forças Armadas, assim como os dados dos respectivos proprietários, pessoas físicas ou jurídicas. Determino, ainda, que informem se identificaram líderes, organizadores e/ou financiadores dos referidos atos antidemocráticos, com a remessa dos dados e providências realizadas”, escreveu Moraes.

BLOQUEIOS

Na sexta-feira (4), a PRF informou ter liberado todos as vias bloqueadas nos estados. De acordo com a PRF, o fluxo de veículos está parcialmente interrompido em 15 pontos do País.

Há quatro bloqueios totais: Bom Jesus do Araguaia (MT), Campos de Júlio (MT), Sapezal (MT) e Rio do Sul (SC). Desde a semana passada, 1.049 manifestações foram desfeitas pelos agentes da corporação.

Mais cedo nesta segunda, apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro foram flagrados tacando pedras em um comboio da PRF enviado à cidade de Novo Progresso, no Pará, para desbloquear um trecho da rodovia BR-163. (Com informações da Agência Brasil)

Ataque à imprensa

Diante da continuidade de atos antidemocráticos em Mato Grosso do Sul, o Sindicato dos Jornalistas de MS (Sindjor-MS) hoje vai protocolar uma representação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e no Ministério Público Federal (MPF).

A representação tem o objetivo de pedir que as determinações judiciais que criminalizam os atos antidemocráticos, que estão acontecendo desde a semana passada, sejam cumpridas e os protestos se encerrem.

Também será pedido que sejam tomadas providências quanto às agressões que profissionais da imprensa estão sofrendo ao realizar reportagens no local do movimento antidemocrático realizado em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO).

Ao Correio do Estado, o presidente do Sindjor-MS, Walter Gonçalves, afirmou que também será feito um pedido para que a Avenida Duque de Caxias, que está ocupada por bolsonaristas inconformados, seja desobstruída e o direito de ir e vir de todos os campo-grandenses seja preservado.

CORREIO DO ESTADO