Planalto já cogita adiar votação de denúncia contra Temer para setembro
Para que a denúncia contra o presidente Michel Temer, por corrupção passiva, seja votada no plenário da Câmara, 342 deputados precisam registrar presença na sessão.
Esta semana, ficou decidido que a votação ocorrerá no próximo dia 2 de agosto. Mas, de acordo com interlocutores do governo, há a chance de ela ser adiada para setembro.
Isso porque nem a base aliada nem a oposição têm, sozinhas, o quórum exigidos para a validação da etapa.
Líderes governistas contabilizam apenas 250 votos a favor de Temer. Apesar de esse número ser superior aos 172 votos necessários para que a denúncia seja barrada e não siga ao Supremo Tribunal Federal (STF), também não chega ao quórum exigido de 342. Para que o processo judicial seja aberto, o relatório sobre a denúncia, segundo informações da Folha de São Paulo, deve ser aprovado por pelo menos 172 parlamentares.
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Para completar, o Planalto ainda aguarda que novos fatos envolvendo o presidente venham à tona, a exemplo das delações do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro. Além disso, uma segunda denúncia contra o presidente, de autoria da Procuradoria-Geral da República, pode ser apresentada em agosto, antes da saída do procurador-geral Rodrigo Janot do cargo, o que ocorre em setembro. Desta vez, o peemedebista pode ser acusado pelo crime de obstrução da Justiça, tomando como base a delação da JBS.
Sem muita saída, o governo tenta tirar algum proveito da situação e já analisa a chance de conseguir, caso se confirme a segunda denúncia, uma votação simultânea dos dois processos. A avaliação do Palácio do Planalto é de que, diante do quadro de insegurança em relação ao quórum, o melhor pode ser colocar a denúncia em modo de espera, na tentativa de esfriar o seu impacto junto à opinião pública.
Na base governista, há inclusive quem defenda que nunca se coloque a denúncia em votação, jogando para a oposição a responsabilidade por enterrá-la. Fazê-la morrer e perder relevância política, disse um dos ministros de Temer, pedindo anonimato.
Imagem Reuters / Ueslei Marcelino
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