PF vai cruzar dados para identificar doadores de R$ 17 milhões para Bolsonaro

23/08/2023 04h29 - Atualizado há 1 ano

Investigadores da Polícia Federal querem saber se houve fraudes e suspeitam de lavagem de dinheiro; defesa do ex-presidente nega

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TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

A Polícia Federal (PF) vai cruzar dados para tentar identificar, um a um, os doadores dos R$ 17 milhões que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu via Pix, segundo apurou a CNN.

Os investigadores querem saber se houve fraudes e suspeitam de lavagem de dinheiro. A defesa de Bolsonaro nega.

O ex-presidente diz que recebeu os recursos de apoiadores para ajudá-lo a pagar multas e outras despesas processuais.

Para fazer a “varredura”, os investigadores vão utilizar as informações obtidas com a quebra do sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro e de sua esposa, Michelle, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federeal (STF) Alexandre de Moraes. A PF pretende fazer uma colaboração com o Ministério Público para acessar o Sistema de Investigação de Movimentações Interbancárias (Simba).

Criado em 2007, o Simba faz a comunicação entre os dados do investigado cujo sigilo foi quebrado pela Justiça, as autoridades e os bancos. Os dados são enviados criptografados, poupando o tempo de análise, que antigamente era feita em papel.

A estratégia dos investigadores é checar CPF a CPF de cada doador para verificar a origem dos recursos. A hipótese é de que pelo menos parte dos doadores não exista e tenha sido utilizada para “esquentar” dinheiro vivo recebido pela família com o esquema de venda de joias no exterior.

Na semana passada, Bolsonaro depositou em juízo R$ 913 mil referentes a multas devidas ao governo de São Paulo pelo não uso de máscaras. Essas multas foram um dos motivos que levaram o presidente a fazer uma campanha entre seus apoiadores pedindo recursos.

“Estou absolutamente tranquilo. Foi tudo republicano. São milhares de doadores. Bolsonaro teve quase metade dos votos na eleição”, disse à CNN o advogado Paulo Cunha Bueno.

Raquel Landimda CNN