PF diz que empresas suspeitas de desvio movimentaram R$ 600 milhões
As investigações sobre duas empresas suspeitas de desviar recursos públicos, por meio de fraude em licitações, contratos administrativos e superfaturamento em obras, apontou uma movimentação de R$ 600 milhões, em um período de cinco anos. Segundo o chefe da unidade regional da Controladoria-Geral da União (CGU), José Paulo Barbieri, a organização foi investigada nos últimos dois anos.
“Neste período, fizemos quatro fiscalizações nestas empresas que receberam dinheiro do governo federal, para executar obras em Mato Grosso do Sul. Verificamos um prejuízo aos cofres públicos de R$ 11 milhões. No entanto, o montante pode ser ainda maior. E a movimentação por parte destas empresas, em cinco anos, é de R$ 600 milhões”, afirmou ao G1 o chefe da CGU.
De acordo com o delegado regional da PF de Combate ao Crime Organizado, Antônio Carlos Knoll, os policiais federais utilizaram um chaveiro para abrir a casa do ex-deputado e ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto.
“Empresas de candidatos também serão investigadas para saber se tem algo de ilegal, inclusive com as doações”, comentou o delegado.
Com as buscas, os policiais apreenderam R$ 210 mil em espécie, além de R$ 150 mil em cheques, US$ 100 mil e € 3 mil. Barbieri ainda ressaltou que foram cumpridos apenas mandados de busca e não houve prisões.
“Queremos entender como estas grandes empresas chegaram a este patamar. O que nos motivou foi principalmente o domínio deste grupo empresarial em licitações. Já o restante dos detalhes são mantidos sob sigilo”, explicou o chefe da CGU.
Os envolvidos podem responder por corrupção passiva e ativa, fraudes em licitações, sonegação fiscal, peculato e lavagem de dinheiro. Sempre as mesmas pessoas do mesmo grupo operante e do mesmo modo. Temos um empresário que está à frente de tudo isso. A princípio, seria o João Amorim, afirmou Flávio de Barros Cunha, delegado da Receita Federal em Campo Grande.
O advogado de Amorim, Benedito de Figueiredo, não disse o motivo do empresário ter sido levado para a superintendência da PF. Não tem denúncia, vamos ter acesso ao inquérito e dar informações, declarou.
Entenda o caso
Uma ação conjunta da Receita Federal, PF, CGU e Ministério Público Federal (MPF). A Justiça expediu 19 mandados de busca e apreensão em todo o estado. O primeiro lugar onde a PF esteve foi no escritório da empresa Proteco Construções Ltda., uma das investigadas.
Do local foram levados documentos. Os policiais também foram à casa do empresário João Amorim, dono da Proteco, que está sob suspeita de ter sido beneficiada pelo esquema de fraude de licitação e superfaturamento. A reportagem da TV Morena não conseguiu contato com a empresa Proteco.
A polícia ainda esteve na Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) e os funcionários não puderam entrar no prédio. Agentes da PF e técnicos da Receita Federal cumpriram mandado de busca e apreensão de documentos.
Foram investigados contratos de empreiteiras com órgãos públicos para pavimentação de rodovias construção de vias públicas, coleta de lixo e limpeza urbana. Nessa investigação, eles analisaram contratos num total de R$ 45 milhões e encontraram um prejuízo de pelo menos R$ 11 milhões.
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