PF: aliados de Bolsonaro monitoraram Moraes em dezembro de 2022 para tentativa de golpe de Estado

09/02/2024 04h28 - Atualizado há 9 mêses

Informação consta no relatório da Polícia Federal que embasou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar operação contra suspeitos nesta quinta-feira (8)

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Divulgação

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) monitoraram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro de 2022, para tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais.

A informação consta no relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a decisão do STF de autorizar a Operação Tempus Veritatis. Agentes da PF cumprem 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, além de medidas cautelares (veja lista dos alvos abaixo).

A PF investiga organização criminosa responsável por orquestrar uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, visando manter Bolsonaro na Presidência mesmo depois da derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

Leia trecho da decisão de Moraes que autorizou operação da PF

“Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que JAIR BOLSONARO recebeu uma minuta de Decreto apresentado por FILIPE MARTINS e AMAURI FERES SAAD para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, ALEXANDRE DE MORAES e GILMAR MENDES, além do Presidente do Senado RODRIGO PACHECO e por fim determinava a realização de novas eleições.

Posteriormente foram realizadas alterações a pedido do então Presidente, permanecendo a determinação de prisão do Ministro ALEXANDRE DE MORAES e a realização de novas eleições. Nesse sentido, era relevante para os investigados monitorarem o Ministro ALEXANDRE DE MORAES para executarem a pretendida ordem de prisão, em caso de consumação do Golpe de Estado.

Nesse sentido, era relevante para os investigados monitorarem o Ministro ALEXANDRE DE MORAES para executarem a pretendida ordem de prisão, em caso de consumação do Golpe de Estado.

A equipe de investigação comparou os voos realizados pelo Ministro no período de 14/12/2022 até 31/12/2022, com os dados de acompanhamento realizados pelos investigados. A análise dos dados confirmou que o Ministro ALEXANDRE DE MORAES foi monitorado pelos investigados, demonstrando que os atos relacionados a tentativa de Golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito, estavam em execução.”

Quem são os alvos já confirmados com fontes da PF

Mandados de busca e medidas cautelares

Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;

Valdemar Costa Neto, presidente do PL;

Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;

Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;

General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;

Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;

General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;

Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;

Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;

Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;

Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;

Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;

Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;

Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;

Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;

Mandados de prisão

Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;

Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;

Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;

Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.

Lucas Schroeder e Lucas Mendes da CNN