Partidos terão orçamento próximo ao de cidades de MS para gerir até outubro
Divisão dos R$ 4,9 bilhões do Fundão vai permitir que as principais siglas do País somem quantias exorbitantes para gastar
NYELDER RODRIGUES
Orçamentos dignos de causar inveja para muitos prefeitos de Mato Grosso do Sul estarão à disposição dos dirigentes máximos dos partidos políticos brasileiros em 2022. A verba, oriunda do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC), o polêmico Fundão, deve abastecer boa parte das ações eleitorais deste ano.
Em rápida comparação feita em reportagem do Correio do Estado de hoje (na seção de Economia), é constatado que nenhum município sul-mato-grossense, nem mesmo a Capital, chega aos R$ 4,9 bilhões disponibilizados pelo Fundão para os partidos. Além disso, há ainda R$ 1,06 bilhão repassado em outro fundo de financiamento, o partidário.
Contudo, impressiona também quando comparado os valores que cada partido terá em mãos para os trabalhos a serem feitos até outubro. O campeão de todos é o recém-formado União Brasil, que reuniu os “capitais políticos” do PSL e do DEM, ambos aliados e de base bolsonarista.
A fusão contempla a nova sigla com cerca de R$ 770 milhões, conforme cálculos divulgados recentemente pela Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
Esse valor é menor apenas que os orçamentos de quatro cidades de Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá – todos na casa dos bilhões ou próxima dela. O orçamento de Corumbá chega próximo do valor disponível para o União Brasil, mas é superior em R$ 15 mil.
Já o PT, segunda maior bancada da Câmara dos Deputados e do Senado, terá em suas mãos uma bela quantia de R$ 484 milhões. Se o partido fosse uma cidade de Mato Grosso do Sul seria a sexta maior em termos de orçamento em mãos para ser usado em várias ações de utilidade pública.
Sob o comando nacional do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e regional da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o PP aparece como o quarto principal orçamento derivado do Fundão, com R$ 338,5 milhões, enquanto o tradicional MDB, que tem o ex-governador André Puccinelli como pré-candidato à chefia do Executivo estadual e a senadora três-lagoense Simone Tebet como pré-candidata à Presidência da República, soma a quantia de R$ 356,7 milhões.
Importantes polos, como Sidrolândia, Maracaju e Naviraí, além de Nova Andradina, apresentam orçamentos menores do que estes – respectivamente, as quantias somam na escala de milhões: R$ 297,2, R$ 297,7, R$ 285,5 e R$ 249,5.
COALIZÃO DE CENTRO
A proposta principal hoje da política nacional, fugindo do bolsonarismo e do lulopetismo, é a formação de uma coalizão de partidos tidos de Centro, que, no ponto de vista atual, são aqueles que tentam fugir das duas vertentes predominantes e polarizadoras.
É dessa ideia que deve sair a tida terceira via para as eleições de outubro, proposta encabeçada por várias siglas e que, no fim, deve abarcar apenas uma delas com candidatura, recebendo o apoio das demais que ficarem para trás.
Em visita realizada sábado (12) a Campo Grande, para filiação e lançamento de candidatura ao governo estadual da deputada federal Rose Modesto, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, comentou sobre tal grupo e das possibilidades que eles terão nas urnas.
Já descartando a formação de uma federação, mas apenas uma coligação nacional pelo projeto da terceira via, Bivar é um dos entusiastas do grupo que conta com União Brasil, Podemos, PSDB e MDB.
Daí, três nomes estão postos para concorrer, e um quarto deve ser apresentado pelo União em breve. Só um deve concorrer e ter a seu favor uma frota de caminhões de dinheiro: R$ 1,6 bilhão, valor que corresponde à soma dos recursos do Fundão das quatro siglas e contando todo o valor a ser repassado para os estados.
Rose, candidata do União Brasil, deve se aproveitar dessa máquina para competir com os demais candidatos.
R$ 27,9 milhões destinados para campanha em MS
Durante a última eleição geral realizada, em 2018, os candidatos de MS somaram gastos de R$ 27,9 milhões oriundos do Fundão Eleitoral.
CORREIO DO ESTADO