Partidos antecipam campanha no Estado
Pré-campanha é só formalidade; pré-candidatos ao governo já formam seus times, mostram força nas redes e viajam aos quatro cantos do Estado
EDUARDO MIRANDA
O calendário eleitoral obriga os possíveis candidatos, os partidos e a todos os envolvidos no processo eleitoral deste ano a chamarem o momento em que estamos vivendo agora de pré-campanha.
Mas os quatro pré-candidatos que até agora se apresentam com mais força para as eleições de outubro já estão com suas estruturas de marketing, imprensa e articulação montadas. É como se a campanha, que normalmente começa no mês de agosto, tivesse sido antecipada para este mês.
As características deste ano eleitoral e os movimentos que os pré-candidatos tiveram de fazer, como deixar a administração pública, fizeram com que este período pré-eleitoral ficasse com cara de antevéspera de eleição.
Desde que os pré-candidatos Marquinhos Trad (PSD) e Eduardo Riedel (PSDB) saíram de seus cargos, da prefeitura e do governo, respectivamente, nada mais lhes restou a não ser organizar suas candidaturas e já preparar suas propostas e imagens para a campanha de fato, que começará no segundo semestre.
Para o ex-governador André Puccinelli (MDB), o clima pré-eleitoral começou ainda antes. Sem mandato, ele viaja por todo o Mato Grosso do Sul desde o ano passado, de olho em fortalecer sua candidatura.
No caso da deputada federal Rose Modesto (Podemos), o bloco foi colocado na rua ainda em fevereiro, e a pré-candidatura ganhou corpo no mês passado. Por ser parlamentar, ela não precisa deixar o cargo para se candidatar, o que a coloca em vantagem, pois mantém seu gabinete em Brasília (DF).
Marketing
O Correio do Estado apurou que os quatro pré-candidatos já estão com marqueteiros contratados.
A narrativa de todos eles já está preestabelecida, e o discurso que eles farão nas redes sociais, nos encontros com correligionários e também na imprensa já está definido há mais de um mês.
O sociólogo Paulo Cabral explica esta antecipação da ação dos partidos e dos pré-candidatos para abril.
“A legislação não veda a presença dos marqueteiros. Eles estão – se você quiser usar um eufemismo – em planejamento de campanha. E vai dizer que não? A legislação deixou brecha para que houvesse essa antecipação”, analisa.
“E a gente deve levar em conta que dois meses de campanha eleitoral seria um espaço [de tempo] muito pequeno.
Não haveria tempo hábil para uma campanha nacional nem mesmo para campanhas estaduais”, acrescenta Cabral, que explica que Mato Grosso do Sul tem 79 municípios e que o período de dois meses é muito curto para que os pré-candidatos entrem em contato com todo o público que precisam atingir.
Segundo Cabral, mesmo em tempos de rede social, a presença física do candidato ainda é um elemento poderoso.
“O prazo de apenas dois meses é um prazo exíguo. Consequentemente, muitos atos típicos de campanha vão acontecer na pré-campanha, e não na campanha. E não são considerados ilícitos porque a legislação considera campanha o ato de pedir voto”, explica.
Batalha nas redes
Nas redes sociais, cujos perfis oficiais servem de plataforma na pré-campanha e servirão para o lançamento de conteúdos também no período oficial de campanha, a busca por seguidores já começou.
Por enquanto, por um trabalho que começou há mais de uma década, o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad é quem larga na frente, com mais seguidores no Facebook (138,8 mil) e no Instagram (82,8 mil).
A deputada federal Rose Modesto também tem um número equilibrado de seguidores nas ruas redes: 71,7 mil no Facebook e 30,4 mil no Instagram.
O ex-secretário de Infraestrutura de MS Eduardo Riedel já conseguiu expandir o seu perfil no Instagram para 12,6 mil seguidores, mas ainda está com apenas 9,8 mil no Facebook.
Já o ex-governador André Puccinelli tem um desafio oposto: tem 77,3 mil seguidores no Facebook, mas tem modestos 6,7 mil no Instagram.
Corpo a corpo
Até mesmo atos típicos de campanha, como reuniões, contato com eleitores e jogos de futebol, têm sido utilizados pelos quatro pré-candidatos neste período.
No fim de semana, Rose Modesto revezou-se entre a região de Corumbá e Campo Grande, mas desde março tem viajado por todas as regiões do Estado.
Já André Puccinelli esteve nas cidades da região de Três Lagoas fim de semana. Eduardo Riedel também foi ao interior, a cidades como Aquidauana, Bonito, Nioaque, entre outras.
Marquinhos Trad foi a Bandeirantes, Jaraguari, Dois Irmãos do Buriti e voltou à Capital, onde jogou futebol com jovens.
CORREIO DO ESTADO