DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA: Pais de Mauro Cid fizeram movimentações atípicas de R$ 2,5 milhões em 15 meses, aponta Coaf

10/08/2023 04h32 - Atualizado há 1 ano

A CPMI pediu a quebra do sigilo bancário e de inteligência financeira do pai e da mãe do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

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LULA MARQUES/AGÊNCIA BRASIL - ARQUIVO

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que chegou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro informa que os pais do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), movimentaram cerca de R$ 2,5 milhões em transações atípicas em um período de 15 meses. Cid está preso desde maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação.

O relatório, que está sob sigilo, diz ainda que Agnes Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid fizeram envio atípico de valores para o exterior. Com isso, a CPMI pediu a quebra do sigilo bancário, fiscal e de inteligência financeira do casal, com a disponibilização de extratos e detalhes das movimentações.

Os requerimentos são de autoria do senador Jorge Kajuru (PSB-GO). O parlamentar pede dados completos de 2019 a 2022, ou seja, durante todo o governo do ex-presidente Bolsonaro. Já os requerimentos que pedem acesso às informações de inteligência financeira contemplam o período de janeiro de 2019 a maio de 2023.

A esposa do militar, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, também é citada nos relatórios do Coaf que indicam movimentação financeira atípica. Segundo o documento, Gabriela movimentou R$ 225.871,26 em um período de seis meses. Na conclusão do documento, o Coaf afirma que as movimentações atípicas sem clara justificativa podem constituir indícios de crime de lavagem de dinheiro.

O R7 entrou em contato com a defesa de Mauro Cid e aguarda o retorno.

Investigação

Emails em posse da comissão mostram que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tentou vender um relógio da marca Rolex recebido em uma viagem oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro à Arábia Saudita.

Em outra mensagem, Cid enviou orientações ao coronel Wagner Oliveira da Silva, militar que integrava a comissão do Ministério da Defesa que fiscalizou e acompanhou a apuração dos votos nas eleções de 2022. No email, ele sugere ações para "aperfeiçoar a segurança e transparência das urnas eletrônicas".

Diante das novas informações, o presidente da comissão, o deputado Arthur Maia (União-BA), defendeu uma nova convocação do militar. Cid já compareceu à CPMI, mas se recusou a responder às perguntas.

 Hellen Leite e Camila Costa, do R7, em Brasília