Os senadores de MS devem ficar de fora da CPI da Covid-19

13/04/2021 09h02 - Atualizado há 2 anos

Distribuição das vagas na comissão não deve contemplar parlamentares locais

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Divulgação

Flávio Veras

A senadora Simone Tebet (MDB) é uma das parlamentares que sempre fez coro para a abertura da CPI da Covid-19. Desde o início do ano, ela afirma que o objetivo do grupo de trabalho é evitar colapsos no sistema de saúde ainda mais graves, como o ocorrido em janeiro, com a falta de oxigênio nos hospitais do Amazonas.

Porém, ela afirmou que não deve pertencer ao grupo que comandará os trabalhos na comissão parlamentar de investigação, na presidência ou na relatoria, pois o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, é senador pelo Amazonas, local onde aconteceu o estopim para a necessidade dessa apuração mais profunda do Senado.

Além disso, também não é MDB o líder do governo federal na Casa de Leis, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE).

“Em uma CPI existem bilhas vagas, que no caso dessa são 11, mas nosso partido tem essas duas figuras, que estão diretamente ligados a ela. Além disso, nosso partido ainda abarca o líder da maioria, que é o senador Renan Calheiros [MDB-AL] ".

"Eles têm uma prerrogativa de lutar por um cargo na Mesa Diretora dela, e, por esse motivo, resolvi tirar meu tempo de campo. Isso não quer dizer que não acompanharei de perto essa investigação, que é muito importante para o País”, afirmou Simone Tebet.

Sobre a abrangência da investigação e esse pedido do presidente ao senador Kajuru, um parlamentar afirmou que ela tem como base um fato determinado, que é a gestão do governo federal na pandemia e seus efeitos sobre a crise do Amazonas. Naquele estado, todos os entes federativos têm seus trabalhos objetivos.

“A CPI, como já disse, precisa de um fato determinado. O que justificaria abrir esse escopo para outros estados e municípios? Qual caso grave ocorreram neles para justificar essa investigação? ”, Questionou.

“Outro ponto, o Congresso Nacional tem como uma das suas prerrogativas fiscalizar ações do governo federal. Porém, durante o período de investigações aparecerem indícios de crimes possíveis e irregularidades em outros entes federativos, pode ser feito um relatório, que será entregue ao Ministério Público do estado citado e encaminhado para as Assembleias Legislativas e para as Câmaras Municipais ”, acrescentou.

MAIS OPINIÕES

Para o líder do PSD no Senado, Nelson Trad Filho (PSD), a função das lideranças das legendas é indicar os parlamentares para compor comissões na Casa de Leis, como a CPI.

“Eu indiquei do meu partido dois membros: Omar Aziz, que é do Amazonas, e Otto Alencar, que é médico. Portanto, são as pessoas mais indicadas da minha legenda para estarem à frente desse trabalho ”. Trad Filho complementou a fala justificando sua defesa de abertura de investigação para todos os entes federativos.

“Eu acredito que todos [os estados] devam ser investigados, caso haja indícios de irregularidades. Eu acredito que um CPI pode avançar em todas as esferas, assim, sanando dúvidas ou punindo irregularidades que ocorram ao longo do combate à Covid-19 ”, opinou.

Já a senadora Soraya Thronicke (PSL) analisa que uma pandemia foi utilizada para fazer “politicagem” e que é preciso cautela para que isso não ocorra com a comissão de investigação.

“Desde o início defendi que, se para iniciar uma CPI neste momento tão delicado da pandemia, em que o foco deveria estar voltado aos cuidados com a saúde da população e o combate ao coronavírus, a apuração deveria abranger também estados e municípios. São os prefeitos e governadores dos ordenadores de despesa na ponta ".

"Acredito que a pandemia já foi muito usada para politicagem, e não deve deixar que a CPI siga por este caminho. Então, havendo fato determinado para apuração, que seja instalada a CPI e investigada a atuação de todos. Se é para investigar, por que poupar quem é o responsável direto pela aplicação dos recursos enviados? ”, questionou.

CORREIO DO ESTADO