O que Lula está disposto a ceder nas negociações com Trump

13/11/2025 05h11 - Atualizado há 6 dias

Segundo auxiliares, Lula se debruça sobre pontos que poderão ser objeto de concessão nas tratativas com o presidente dos Estados Unidos

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Ricardo Stuckert / PR

Enquanto Lula e Donald Trump não definem a data para um novo encontro, o presidente brasileiro traça uma estratégia para a próxima rodada de negociações com os Estados Unidos.

Segundo auxiliares, ele tem se debruçado sobre os pontos nos quais está inclinado a ceder nas tratativas com o líder norte-americano. E analisa, também, aqueles sobre os quais não pretende recuar.

Entre os temas em que o governo brasileiro admite alguma flexibilidade está a regulação das big techs. O chanceler Mauro Vieira e o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, sugeriram que Lula considere manter engavetada ou até mesmo descartar a votação do projeto de lei que trata do tema, como gesto de boa vontade nas conversas com Washington.

A avaliação é que o recente acórdão do STF, referente ao Marco Civil da Internet, especialmente ao artigo 21, já cobre parte das lacunas que o projeto de lei buscava preencher ao prever a retirada de conteúdos considerados antidemocráticos, racistas ou de incitação ao terrorismo.

Esse recuo, segundo integrantes do governo, poderia fortalecer a posição diplomática do Brasil e servir como contrapartida em busca da redução ou suspensão das tarifas de até 50% aplicadas a produtos brasileiros.

Como já mostrou a coluna, o governo Trump acompanha com lupa os movimentos do STF e do Congresso Nacional referentes ao funcionamento de plataformas digitais.

Lula cobra retirada de sanções ao STF

Já no campo das terras raras — minerais essenciais para a produção de semicondutores e equipamentos de alta tecnologia —, o presidente sinaliza disposição para negociar uma partilha limitada da exploração com a China, desde que o Brasil mantenha o controle majoritário sobre as reservas e o processo produtivo.

A ideia, segundo interlocutores, seria usar essa cooperação como forma de atrair investimentos e equilibrar a influência econômica entre Pequim e Washington, sem comprometer a soberania sobre o setor.

Por outro lado, Lula mantém posição firme ao cobrar a retirada de sanções impostas pela Casa Branca a autoridades brasileiras, entre elas o ministro Alexandre de Moraes (STF), punido com a Lei Magnitsky.

Além de Moraes, outros sete magistrados da Corte tiveram o visto revogado pelos Estados Unidos. O presidente tem repudiado o que classifica como tentativa de interferência externa sobre o Judiciário brasileiro.

Armando Holanda

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