Nova legislação eleitoral deve acelerar fusão de DEM e PSL
Sem coligações nas vantagens proporcionais, partidos devem se unir para criar grande força de direita
Eduardo Miranda, Graziella Almeida
Com a proibição da volta das coligações, a criação do megapartido de direita feito a partir da união de DEM e o PSL ganhou força, e um anúncio é cogitado para os próximos dias. Os políticos sul-mato-grossenses, como a senadora Soraya Thronicke, que integra a executiva nacional do PSL e é presidente do PSL Mulher, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, participam ativamente da discussão.
Nos bastidores, a união do PSL, dono das maiores fatias dos fundos partidário e eleitoral, com o DEM, que tem nomes de expressão local e nacional em seu tempo, como Mandetta e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é visto como um casamento perfeito ficadas às próximas.
No caso específico da ministra, ainda existe uma possibilidade de ela deixar o partido caso ele não siga com Bolsonaro. No entanto, Mandetta também deixaria o partido caso este megapartido torne-se a sigla em que o presidente venha a desembarcar, o que ainda é possível, uma vez que mais da metade da bancada do PSL no Congresso ainda é alinhada a Bolsonaro e que o presidente nacional do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto, é simpático ao presidente da República.
Em um passado recente, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, chegou a negociar o retorno de Bolsonaro ao partido, porém, uma tratativa não prosperou.
De acordo com os bastidores apurados pelo Correio do Estado, a fusão partidária deve ser lançada na primeira semana de outubro. Apesar de os muitos aliados a Bolsonaro presentes nos dois partidos, o presidente do PSL, Luciano Bivar, estaria condicionando a fusão a não receber em seus quadros o ex-presidente, abrindo caminho para uma terceira via.
Há partidos que ensaiam uma proximidade com uma possível nova sigla oriunda do casamento DEM-PSL, como PSDB, MDB, Podemos, PV, Solidariedade, entre outras.
Procurados pelo Correio do Estado, os líderes do DEM em Mato Grosso do Sul preferiram não comentar sobre o assunto e aguardam decisões da executiva nacional.
A presidente estadual do PSL, Soraya Thronicke não entrou em detalhes. “Ainda não vou me pronunciar sobre isso porque não há nada definido e nenhum dos presidentes dos dois partidos deram um posicionamento oficial sobre a decisão. Então, mesmo sendo presidente do PSL em MS, não posso opinar sobre o assunto ”, frisou.
MDB DE PUCCINELLI
Cacique na política estadual, o ex-governador André Puccinelli (MDB) falou sobre as atualidades no cenário político nacional e reforçou a fala “política a gente não faz sozinho”, referindo-se à fusão entre DEM e PSL.
“Há uns dois meses, quando saiu essa conversa de fusão e o megapartido, eu diria que o DEM e o PSL jamais estariam juntos. Fusão é algo muito difícil, jogo de ego e um vai querer mandar mais que o outro, porém, com o desenvolver da situação, isso será viável futuramente, pelo menos, eu acredito que, sim ”, pontuou.
DEPUTADOS
A fusão entre DEM e PSL criaria a maior bancada da Câmara dos Deputados e também seria a maior força da direita.
A FUSÃO
A executiva nacional do DEM decidiu na terça-feira (21) dar seguimento à fusão do partido com o PSL, em um primeiro passo para formalizar o processo.
A união das siglas ainda precisa ser referendada em convenção nacional. A expectativa é de que o encontro ocorra entre os dias 5 e 21 de outubro.
A decisão de terça autorizou a convocação da convenção e foi tomada em votação por 40 a 0 pelos integrantes da executiva do DEM que estavam presentes. A direção tem 53 membros no total.
O PSL deve reunir um próprio executiva para deliberar o assunto ainda nesta semana.
Segundo integrantes da cúpula do DEM, cerca de 80% dos estados estão com uma estrutura resolvida com o PSL. Ainda há, porém, impasse em alguns administradores, como Acre, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro.
“Este foi o primeiro passo na direção de formalizar o processo de criação de um novo partido cuja base fundamental está na fusão do Democratas com o PSL”, disse o presidente do DEM, ACM Neto.
“Hoje, uma comissão executiva nacional do Democratas aprovou a autorização para que seja convocada uma convenção nacional do partido, que deve ocorrer entre 5 e 20 de outubro, provavelmente dia 5, e, aí, sim, os convencionais vão o tema e confirmar o processo de fusão ”, explicou Neto.
A convenção reúne membros do diretório nacional, delegados e parlamentares do partido - cerca de 200 pessoas.
A ideia, segundo Neto, é que as convenções do DEM e do PSL ocorram no mesmo dia para que seja anunciada a fusão. Depois de tomada a decisão, o processo precisa ser encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que seja criado de fato o novo partido.
CORREIO DO ESTADO