Nós não temos o compromisso de defender o governo, diz líder do PSDB

26/02/2018 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Nilson Leitão (MT) ainda afirmou que a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência da República vai unificar o partido

Novo líder do PSDB na Câmara, o deputado Nilson Leitão (MT) afirma que a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República vai unificar o partido, rachado desde o ano passado após a denúncia envolvendo o então presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG).

O tucano minimiza o fato de Alckmin não alcançar dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto e afirma que o candidato do PSDB não vai ter o compromisso de defender irrestritamente o governo do presidente Michel Temer. As boas matérias do Temer nós vamos defender com unhas e dentes e aquilo que a gente achar que não é bom, nós não vamos defender, disse.

Por que a candidatura de Alckmin não decola?

O jogo ainda não começou. É aquela corrida que está todo mundo aquecendo. Eu não tenho dúvida nenhuma que, na arrancada, o Geraldo vai crescer.

E essa arrancada vai ser quando?

Assim que ele se licenciar do governo. Ele não pode ser candidato e governador de São Paulo.

As prévias não vão atrapalhar esse processo?

Acho que as prévias vão ajudar muito, vai acender a militância. Geraldo Alckmin escolhido, aí começa o jogo. Eu não acho que o Alckmin está mal colocado nas pesquisas, simplesmente acho que a população não teve toda a informação de que ele é candidato.

Os acenos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao apresentador Luciano Huck não atrapalham os planos de Alckmin?

Eu não acredito que o eleitor decidiu falar que vota no Huck por causa do Fernando Henrique. Ele está na televisão toda semana, é conhecidíssimo por todos os brasileiros. Isso atrai eleitores, não é o Fernando Henrique que está criando algo.

Qual vai ser a estratégia para atrair os partidos do centro para apoiar Alckmin?

Esse será o grande desafio. Sem a presença de Lula, muita gente vai se animar a ser candidato e aí é claro que vai ter uma dificuldade maior para conquistar aliados.

Por que Alckmin resiste em se aproximar de Temer e ser o candidato do governo?

Depois que ele deixar o governo, vai conversar partidariamente com o presidente do MDB, do PP, do PR. As boas matérias do Temer nós vamos defender com unhas e dentes e aquilo que a gente achar que não é bom, não vamos defender. Nós não temos o compromisso de defender o governo, nós temos o compromisso de defender os temas que nós acreditamos.

O senhor acha que o PSDB deve ter candidato próprio em São Paulo?

Eu acredito que o PSDB precisa ter espaço em todos os lugares. Agora, é uma conjuntura que precisa ser construída com muito cuidado, sem agressão, porque nós precisamos dos aliados. O PSDB não vai chegar à Presidência da República sozinho. Mas São Paulo sempre teve candidato do PSDB e a tucanada paulistana, ainda que não seja unanimidade, defende que tenha candidatura própria. Isso é natural e não tem nenhum líder que possa impedir isso, tem que compreender e saber navegar nesse meio. O Brasil tem dois turnos, então dá a oportunidade disso não ser uma guerra.

João Doria é o principal nome para o governo?

O Doria se colocou. Política é isso. Ou você é convocado ou você se oferece.

Há quem diga que Doria ainda não desistiu de ser candidato à Presidência.

Eu tenho certeza absoluta que ele não tem mais esse olhar para a Presidência da República, já declarou apoio a Alckmin.

Os cabeças-pretas vão continuar tendo espaço para manifestar posições contrárias ao governo na sua gestão de líder?

Vamos pintar o cabelo de todo mundo da mesma cor (risos). Vamos acabar com isso, o PSDB vai ter que ter uma harmonia. A verdade é que essa posição de novos e velhos é uma posição que vai ser reorganizada agora com as eleições. O candidato a presidente da República unifica todo mundo.

Como o PSDB vai continuar com a bandeira de ser contra a corrupção após o caso do senador Aécio Neves?

Vamos continuar combatendo. Não tem nenhum problema. O que estão querendo fazer é um crime. Comparar o que aconteceu com Aécio e o que aconteceu com o PT? É muita diferença, é uma diferença enorme. Não vão conseguir colocar no PSDB a pecha de que somos iguais ao PT. Não somos. Eu abomino. Não negociamos qualquer tipo de apoio. Aqueles que usaram caixa 2 é outra coisa, foi a grande maioria. O sistema fez com que isso acontecesse.

O PSDB não corre o risco de, assim como o PT, negar o mea-culpa?

A diferença é que o PSDB não negou o mea-culpa. Nunca dissemos que Aécio estava certo, e o Aécio foi para a imprensa reconhecer o seu erro. A diferença foi essa. Ele só disse: eu quero ter a oportunidade de me defender, como qualquer brasileiro, aquele que roubou um botijão de gás ou o maior traficante do Brasil. A diferença é que o Lula nega o apartamento, nega o sítio de Atibaia (SP), nega sua participação no mensalão, nega sua participação no petrolão, fala que é um homem inocente, que ele é mais santo que Jesus Cristo. O PSDB não faz isso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Imagem © Marcelo Camargo/Agência Brasil