Nem silêncio de Murilo esconde “noiva cobiçada” do cenário político de MS
Cacique douradense já foi visitado por três nomes fortes para outubro; um deles ficou com sua vaga na Secretaria de Obras
CELSO BEJARANO, NYELDER RODRIGUES
O silêncio do vice-governador Murilo Zauith perdura há mais de um ano. Desde a sua queda da pasta de Obras do Estado, em janeiro de 2021, o cacique douradense optou por se reservar em vez de protagonizar um confronto midiático com até então aliados.
A aversão a entrevistas muitas vezes faz com que o político seja colocado por muitos na prateleira do ostracismo: algo que vem se provando um equívoco de quem analisa assim o cenário eleitoral – no qual ele, mesmo sem holofotes, demonstra protagonismo.
Ainda que as negociações para a disputa pelo governo estadual estejam apenas começando, Murilo já foi “alvo” das tradicionais cerimônias de beija-mão de candidatos em busca de apoio nas urnas. O último deles foi Marquinhos Trad (PSD), no fim de semana.
O prefeito campo-grandense chegou a Dourados na sexta-feira (4) e no mesmo dia, à noite, fez uma visita de cortesia à residência de Zauith.
No sábado (5), Marquinhos ainda aproveitou para reunir-se com correligionários do PSD e visitar outro cacique douradense, Roberto Razuk, ex-deputado e pai do deputado estadual Neno Razuk (PTB), além de marido da prefeita de Dourados entre 2017 e 2020, Délia Razuk.
Tal visita, claramente, é tratada como um aceno de possível aliança entre ambos na disputa pelo governo – Murilo não pode mais ser vice, pois já ocupa tal cargo há dois mandatos, mas ele pode indicar um de seus aliados para compor a chapa de Marquinhos.
Em novembro de 2021, o prefeito da Capital chegou a ser questionado pela reportagem sobre uma indicação de Lia Nogueira, vereadora douradense e integrante do time de Zauith, para ser sua vice. Contudo, ele respondeu que tal conversa “não existia” e que nem sequer conhecia Lia.
LINHA DIRETA
Outro que também visitou recentemente o vice-governador foi o atual chefe da pasta de Obras, Eduardo Riedel (PSDB), pré-candidato governista à sucessão de Reinaldo Azambuja. Apesar de alguns desacordos entre Murilo e o ninho tucano, Riedel tentou encurtar laços com o cacique político, hoje com 71 anos.
O encontro mereceu até divulgação de fotos em redes sociais, como o aplicativo de mensagens WhatsApp, mas parece que não foi suficiente para curar feridas ainda existentes com a atual cúpula governamental – mesmo estando apto a assumir suas funções desde dezembro do ano passado, ele não foi convocado como usualmente é esperado que ocorra, cobrindo as férias do governador.
Vale ressaltar uma coincidência interessante: após a saída de Murilo da Secretaria de Obras e chefes interinos ali, foi Riedel quem assumiu a cadeira de forma definitiva.
PARCERIA ANTIGA
Contudo, o primeiro nome que busca a Governadoria neste ano a ir a Dourados conversar sobre política com Murilo foi um antigo colega: André Puccinelli (MDB), com quem o douradense fez dobradinha entre 2007 e 2010, novamente como vice-governador.
A visita de articulação de André a Murilo aconteceu ainda em 2021, período em que o líder nas pesquisas eleitorais já buscava viabilizar sua candidatura ao governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
Além de André, Riedel e Marquinhos, nomes como o da deputada federal Rose Modesto e Zeca do PT aparecem na lista de possíveis candidatos ao Executivo sul-mato-grossense este ano.
Pelo que se sabe, por ora não houve encontro dos dois últimos citados com Murilo, nome que se coloca como essencial para quem almeja conquistar votos não apenas em Dourados, mas também em cidades próximas e na zona de influência, formando a chamada Grande Dourados.
CORREIO DO ESTADO