Nas redes, pré-candidatos dizem ter soluções simples para todos os problemas

20/06/2022 14h43 - Atualizado há 2 anos

Nomes cotados para concorrer ao governo de Mato Grosso do Sul usam redes sociais para interagir com a população

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Divulgação

CELSO BEJARANO

Já pregavam grandes pensadores e filósofos famosos, lá atrás, há mais de mil anos, que o Estado ideal para morar seria aquele em que todos seus moradores – ou, ao menos, quase sua maioria – tivessem casas seguras para habitar e que estes imóveis fossem erguidos com acesso a saneamento básico e nos arredores houvesse escolas, lazer e serviços públicos de qualidade, como hospitais, empregos, etc.

Pois é, tais elucubrações, diante do mundo em que vivemos hoje em dia, surgem em determinados períodos, principalmente os eleitorais, como se possível fosse existir uma “vida quase perfeita”. Basta bisbilhotar as redes sociais dos pré-candidatos ao governo do Estado.

No caso, vamos citar aqui as ideias e as promessas dos concorrentes das principais siglas partidárias ao governo de Mato Grosso do Sul.

Catamos os perfis no Facebook dos pré-candidatos que vão se enfrentar no pleito de outubro para narrar o que eles pensam, escrevem e publicam.

Todos já estiveram com o poder na mão e eram capazes de mudar a vida dos quase três milhões de sul-mato-grossenses. Os problemas se repetem ano a ano.

Citamos planos e falas, por exemplo, do ex-governador André Puccinelli, o concorrente que quer virar governador pela terceira vez pelo MDB, do ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad, do PSD, que deixou a prefeitura antes da hora para concorrer ao governo, da ex-vice-governadora de Mato Grosso do Sul, deputada federal Rose Modesto, do União Brasil, e de Eduardo Riedel, ex-chefe de uma das mais importantes secretarias de Estado, a de Infraestrutura.

Pelo dito por eles, todos sabem quais são os problemas da população e, de quebra, de onde tirar a solução e proporcionar uma vida melhor à população. Valendo as palavras escritas dos políticos, a população de MS viverá “bem melhor” a partir de janeiro do ano que vem.

MARQUINHOS TRAD (PSD)

Ex-vereador, ex-secretário municipal, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, 57 anos, pré-candidato ao governo de MS pelo PSD, afirmou na rede social:

“Caminhando por todos os cantos de Mato Grosso do Sul, sempre digo que nosso Estado precisa de um governo mais humano, mais próximo da nossa gente, que entenda as demandas de cada município e resolva os problemas”.

E ainda acrescentou: “Queremos implantar uma gestão em que o povo seja o centro das decisões políticas. Vem com a gente!”.

Note que Marquinhos sabe que os problemas enfrentados pelos sul-mato-grossenses são embaraçosos, penosos até.

“A crise que estamos enfrentando gera consequências graves para Mato Grosso do Sul. Faltam as coisas mais básicas para nosso povo. Precisamos de um governo de todos, que estenda a mão para a população, assim como fizemos em Campo Grande [deixando a entender que cumpriu bem o mandato como prefeito]”.

Eis a fórmula do governo proposto por Marquinhos: “É isso que queremos levar para os quatro cantos do nosso Estado”.

ANDRÉ PUCCINELLI (MDB)

Ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-secretário estadual e ex-governador de MS (duas gestões), André Puccinelli, 73 anos, o concorrente do MDB, também mostra no Facebook que entende bastante dos problemas enfrentados pela população.

Ele afirma que enquanto comandou o governo do Estado (2007-2014), “todos os municípios receberam investimentos e tiveram suas prioridades atendidas”.

O emedebista, o mais experiente político entre os concorrentes ao governo, sublinha:

“Estamos estabelecendo uma parceria para a eleição, mas também para o futuro, caso cheguemos ao governo do Estado. A ideia que nos une é a de trabalharmos juntos, agora, na eleição e em outros momentos políticos, pois possuímos sintonia em torno de projetos e propostas e sobre o que fazer pelo bem do nosso Estado”.

Segue ele, apontando um revés que parece ter fincado o pé no solo sul-mato-grossense e que não consegue mais sair:

“A fome é uma das deficiências de MS, e apresento uma das minhas medidas para amenizá-la. A outra é o desemprego, que pode ser resolvido com o aumento de vagas de trabalho pelo incentivo à construção civil, seja na construção de casas , seja em obras de infraestrutura”.

Mais adiante, em sua conta na rede social, Puccinelli põe o dedo em um problema que parece ainda não ter sido enxergado por ex-governantes – ele foi prefeito de Campo Grande de 1º de janeiro de 1997 a 1º de janeiro de 2005.

“Acabar com as favelas não é fácil. É preciso, além de vontade, ter preparo e trabalhar duro para fazer dar certo. Foi assim quando conseguimos o título para Campo Grande. Vamos resgatar essa dedicação para dar às famílias um lar digno”, disse o ex-governador.

ROSE MODESTO (UB)

Já a pré-candidata ao governo pelo União Brasil, Rose Modesto, 44 anos, ex-vice-governadora, ex-vereadora por Campo Grande, hoje deputada federal e que já ocupou secretaria estadual que trata de assuntos ligados às famílias carentes, conta que ao entrar na briga eleitoral pensou:

“Eu sonho com um Estado que seja referência na Educação, que consiga entregar o maior número de escolas em tempo integral e que o jovem saia de lá capacitado”, pregou a concorrente.

Rose Modesto disse ainda: “Sonho com um Estado que valorize e dialogue com seus servidores, que entregue saúde de qualidade para a população. E eu sei que não estou sonhando sozinha. Esse é o MS que queremos, não é mesmo?”.

Repare ainda o que a pré-candidata sabe o que vem pela frente, se eleita.

“Após percorrer essas 19 cidades [ela já triplicou o número de cidades visitadas] com o MS que Queremos [plano de governo], ouvindo a população foram diagnosticados vários problemas nessas regiões, como: falta de infraestrutura e aparelhamento nos hospitais e postos de saúde; geração de emprego e renda; ações em prol da causa animal; melhores estradas para o escoamento da agricultura, especialmente a familiar; e escolas em tempo integral, além de melhores salários e equiparidade salarial para profissionais da educação”.

EDUARDO RIEDEL (PSDB)

Eduardo Riedel, 52 anos, o pré-candidato do PSDB, estreante na política como concorrente a cargo eletivo, mas já experiente em gestão pública por comandar secretaria estadual importante, diz, ao menos pela internet, que tem remédio certo para resolver os problemas enfrentados pela população, principalmente os jovens.

“Quando a gente fala de gerar emprego para os jovens, o papo tem que ser diferente. É preciso entender que as necessidades mudaram. Eles buscam outros tipos de trabalho, têm uma visão diferente sobre empreendedorismo, e isso precisa ser fomentado. Oportunidade e tecnologia, essas são as palavras que vão nortear nosso projeto”.

Riedel, que diz ser plano seu investir em uma nova ferrovia para gerar emprego, ressaltou nas redes sociais:

“Gestão se faz olhando para a população, para os desejos dela. É assim, e com muito trabalho e dedicação, que vamos avançar com uma política de resultados práticos para as pessoas”.

CAPITÃO CONTAR (PRTB)

O deputado estadual Renan Barbosa Contar, o Capitão Contar (do Exército), do PRTB, teve uma estreia avassaladora na política, com a maior votação em 2018 – quase 80 mil votos. Ainda em seu primeiro mandato, que expira em dezembro, o parlamentar já quer virar governador. E em suas redes sociais deu uma dica do que deve fazer se for eleito: combater os impostos.

“Nós pagamos as tributações mais caras do Brasil. Inclusive, pagamos taxas que são cobradas em Mato Grosso do Sul e não são cobradas em outros estados. Além de pesar no bolso do cidadão, os altos tributos prejudicam o desenvolvimento do nosso Estado e afetam nossa competitividade. Vamos discutir e estudar com os segmentos as soluções contra a alta carga tributária. Nosso projeto abre as portas para este diálogo e construção!”.

GISELLE MARQUES (PT)

Oficializada pré-candidata ao governo pelo PT em abril, Giselle Marques, 54 anos, advogada, professora universitária, pós-doutora em Desenvolvimento Regional e ex-superintendente do Procon de MS, prega pautas como a defesa por justiça social e o zoneamento econômico. Pelas redes sociais, falou que o estado de MS precisa de cuidados ambientais.

“Precisamos parar o que está acontecendo em Mato Grosso do Sul. O meio ambiente pede socorro! A omissão dos governos federal e estadual sobre a temática me preocupa, afinal, perdemos grande parte do Pantanal. E quem foi preso e responsabilizado? Por uma política de estado de proteção ambiental, urgente!”.

LUHHARA ARGUELHO (PSOL)

A professora Luhhara Arguelho, formada em Letras e pós-graduada em Educação, é a pré-candidata ao governo pelo Psol. Pelas redes sociais, ela aparece em movimentos que defendem o ensino.

“Essa é nossa história! Nossa luta! Pela educação pública e de qualidade! Juntos somos fortes”.

Nem tudo é permitido no mundo virtual

Ao contrário do que se pensa, a internet não é terra sem lei. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou a Resolução 23.610, que dispõe sobre as regras da propaganda eleitoral.

Segundo o texto, é livre a manifestação de pensamento da eleitora e do eleitor por meio da internet.

Ela só poderá ser objeto de limitação se ofender a honra ou a imagem de candidatas e candidatos, partidos, coligações ou federações partidárias ou, ainda, se propagar notícias falsas.

CORREIO DO ESTADO