NADA MUDOU: Giroto segue como “cacique” da sigla de Bolsonaro em Mato Grosso do Sul

24/02/2022 14h36 - Atualizado há 2 anos

O ex-secretário de Obras de André Puccinelli tem grande influência no PL, mesmo após ter passado quase dois anos preso em ações da Operação Lama Asfáltica

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Valdenir Rezende

CELSO BEJARANO, NYELDER RODRIGUES

Sigla que recebeu em dezembro a filiação do presidente da República, Jair Bolsonaro, o PL parece derrapar quando o assunto é o desembarque de novos nomes em seu quadro.

Por ora, apenas dois devem ir para o partido, algo que contraria a enxurrada de filiações que era aguardada pela direção da legenda em Mato Grosso do Sul – a maioria da ala bolsonarista deve optar pelo PP, que em breve deve ser comandado pela ministra Tereza Cristina (Agricultura).

Apesar do evidente alinhamento com o presidente Bolsonaro, questões regionais estão na alça do afastamento de tal público: uma delas é a constante influência de um nome por muitos dado fora do jogo político: Edson Giroto.

O ex-secretário de Obras, que chegou a ficar preso no âmbito da Operação Lama Asfáltica, é amigo do líder-mor do PL, Valdemar Costa Neto, e, apesar de a sigla ter passado por mudanças recentes, seguiu de certa forma dando as cartas no partido, participando de reuniões e até filiações.

Prova disso foi a recente filiação de importante nome do interior, o ex-prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa, que estava no MDB e migrou em ato com a presença de Giroto no evento, praticamente dão benção ao filiado.

A presença Giroto ali não é escondida pelo atual presidente do PL sul-mato-grossense, Filinto Gomes de Abreu.

O dirigente, ao ser questionado sobre o cenário pela reportagem do Correio do Estado, aponta o ex-secretário como “amigo” e confessa que ele “dá palpites” dentro da sigla.

Filinto sempre foi nome ligado intimamente a Giroto, que com a anulação recente de vários atos da Lama Asfáltica vê a operação voltar à estaca zero e está praticamente livre de todas as acusações.

Nas recentes mudanças feitas por Valdemar no PL, Filinto foi mantido na presidência do diretório local, enquanto o deputado estadual João Henrique Catan, apesar de possuir mandato, perdeu o comando do diretório municipal de Campo Grande, do qual ficou à frente nos últimos anos.

A inclinação a apoiar a candidatura de Bolsonaro para a reeleição como presidente prossegue aqui, como acontece nacionalmente, situação essa que pode ser vista como a abertura de mais um palanque para Jair no Estado.

INFLUÊNCIA

Entre os possíveis nomes a migrar para o PL estão os deputados estaduais Capitão Contar (União Brasil), que pensa em concorrer ao governo, e Coronel David (sem partido), amigo de Bolsonaro.

Mesmo que Contar propagandeie agora a intenção de também concorrer à vaga no Executivo, a legenda tem inclinação a não se aliar a PSDB e PP nas eleições, fazendo com que um segundo palanque para Bolsonaro seja criado.

Questões históricas colocam Giroto e todo o seu grupo próximo do emedebista André Puccinelli, que inclusive lidera as pesquisas para o governo.

Giroto foi secretário de Obras da prefeitura e do governo justamente nos períodos em que André governou ambos. Foram 16 anos no poder antes de, em maio de 2018, ser preso – a soltura dele aconteceu apenas em março de 2020, após quase dois anos.

A possibilidade de interferência da nacional existe, já que Valdemar Costa Neto se comporta como dono do partido, e não apenas um dirigente. Contudo, em razão da amizade com Giroto, é improvável que isso aconteça em solo sul-mato-grossense.

Assim, criam-se dois palanques por Bolsonaro, mas que podem brigar por candidatos distintos na corrida até o posto máximo no Parque dos Poderes, sede da Governadoria.

Sem fazer parte do grupo que, em tese, deve abraçar o tucano Eduardo Riedel nas urnas para governador, o PL acaba de certa forma ofuscado também para receber novos correligionários, tendo em seu horizonte até aqui apenas Waldeli, David e Contar.

Contudo, Filinto, conforme revelado à reportagem, prefere acreditar que o impacto de ser a sigla de Bolsonaro nas eleições ainda vai repercutir positivamente no PL de Mato Grosso do Sul, recebendo outros nomes fortes da política sul-mato-grossense.

A migração de Zé Teixeira e Barbosinha para o PL chegou a ser levantada, para seguirem próximos de Tereza, no entanto, ambos rejeitam tal migração.

PL contraria outros bolsonaristas em MS

Homem forte de André Puccinelli durante oito anos na Prefeitura de Campo Grande, seguindo a posição no governo do Estado, Giroto foi eleito deputado federal e assim pôde estreitar ainda mais os laços com a nacional da sigla, construindo um grupo que nem mesmo escândalos estremeceram. Mesmo seguindo a “veia” bolsonarista, o PL de MS deve tomar rumo local diferente.

CORREIO DO ESTADO