MP-SP investiga esquema de desvio de dinheiro da merenda escolar
Entre os investigados, estão o presidente da Assembleia Paulista e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin.
O Ministério Público estadual de São Paulo está investigando a participação de políticos num esquema de desvio de dinheiro da merenda escolar. Há suspeita de que propina tenha sido usada em campanhas eleitorais. Entre os investigados, estão o presidente da Assembleia Paulista e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin, do PSDB.
Em uma casa no centro de Bebedouro, no interior de São Paulo, policiais e promotores encontraram indícios de que pelo menos 20 prefeituras de São Paulo pagaram mais caro pela merenda servida em creches e escolas públicas. No centro das investigações está a Coaf, a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar.
Depois de ser preso, o ex-presidente da Coaf, Cássio Chebabi, aceitou fazer um acordo de delação premiada com a Justiça. Ele confirmou que pagava propina para conseguir contratos para a cooperativa em valores que variavam de 5% a 25% do valor das vendas.
No depoimento, Chebabi diz que, em 2014, pagou propina para vender suco de laranja ao governo paulista. Segundo ele, teria que ser paga comissão de 10% para certas autoridades, sendo elas: o deputado estadual Fernando Capez, do PSDB, presidente da Assembleia Legislativa; e o deputado federal Duarte Nogueira Júnior, também do PSDB, que foi secretário de Agricultura do governo de São Paulo. Chebabi disse que foram feitos pagamentos de pouco mais de R$ 100 mil até R$ 1,3 milhão.
“Já se combinava nesse momento inicial o valor da comissão, ou seja, da propina que seria entregue mês a mês para as pessoas que intermediaram tanto os lobistas quanto os agentes públicos”, afirma Leonardo Romanelli, promotor de justiça.
Na delação, Chebabi disse que o principal operador da fraude seria o lobista Marcel Ferreira Júlio, que está foragido. O papel dele era fazer contato com políticos e órgãos públicos. A investigação interceptou os telefones de funcionários e lobistas ligados à Coaf.
Segundo o MP, o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, aparece nas ligações orientando a cooperativa a conseguir um aumento num contrato com a secretaria estadual da Educação.
O Ministério Público investiga também a participação dos deputados federais Baleia Rossi, do PMDB-SP e Nelson Marquezelli, do PTB.
Os promotores suspeitam que o dinheiro desviado da merenda era usado para pagar dívida de campanha eleitoral. Como os políticos tem foro privilegiado, a Procuradoria Geral de Justiça criou uma força tarefa só para apurar a participação deles na fraude. Eles são investigados pelos crimes de organização criminosa e corrupção.
O governo de São Paulo declarou que está colaborando com a investigação e que o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, Luiz Roberto dos Santos, foi exonerado do cargo.
Luiz Roberto dos Santos disse que as acusações não são verdadeiras e que nunca atuou em contratos com a secretaria da Educação.
O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, do PSDB, afirmou que espera que a verdade apareça logo, porque o que não existe não pode ser provado.
O ex-secretário de Agricultura e atual secretário de Logística e Transporte de São Paulo, Duarte Nogueira Júnior, do PSDB, disse que está indignado com a citação do nome dele e que não conhece nenhum gestor da cooperativa.
Os deputados federais Baleia Rossi, do PMDB, e Nelson Marquezelli, do PTB, negam as denúncias e afirmam que nunca receberam qualquer vantagem referente aos contratos de merenda escolar. O advogado de Marcel Ferreira Júlio não retornou às nossas ligações. Marcel está foragido.
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