Ministério Público pede sigilo de inquérito e acesso ao celular de assassino de petista

14/07/2022 10h39 - Atualizado há 2 anos

Segundo o promotor, sigilo no inquérito é para impedir interferências na investigação

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Divulgação

FOLHAPRESS

O Ministério Público do Paraná solicitou nsta quarta-feira (13) à Justiça que seja decretado sigilo no inquérito do assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros neste sábado (9) pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, que invadiu o local onde a vítima comemorava o seu aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT alusiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Foz do Iguaçu (PR).

No pedido, a promotoria solicitou à investigação uma série de medidas. Entre elas, o exame do conteúdo do aparelho celular do autor do crime e a requisição da ficha funcional de Guaranho junto ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional).

No pedido, o promotor Tiago Lisboa Mendonça solicita o sigilo do inquérito, para evitar interferência na investigação conduzida pela Polícia Civil do Paraná.

"Trata-se de fato grave, de grande repercussão. O acesso indiscriminado aos autos (...) poderá tumultuar e interferir negativamente nas investigações, sobretudo em razão da existência de diversas diligências investigatórias ainda em curso", diz um dos trechos do documento, ao qual a reportagem teve acesso.

O Ministério Público solicita, ainda, que o Sindicato dos Agentes Federais de Execução Penal de Catanduvas (PR), onde Guaranho trabalha, não tenha acesso aos autos. A entidade designou uma advogada para representar o atirador, que alegou legítima defesa e pediu exame de embriaguez do petista assassinado pelo policial penal.

"Em relação a estranhos ao feito, tal qual o sindicato ou qualquer outra entidade de representação, por ausência de previsão legal, bem como por entendimento jurisprudencial, requer que sejam desabilitados", cita um dos trechos do pedido da promotoria.

Procurado pela reportagem, o advogado Daniel Godoy, um dos representantes da família de Marcelo Arruda, se manifestou sobre o pedido. "As providências requeridas pelo MP são adequadas ao caso e vão ao encontro das preocupações da família", disse.

Antes, o defensor já havia rebatido a postura da defesa do atirador. "É uma tentativa de criminalizar a vítima, justificar a versão de que se trata de briga de bar e de descaracterizar o crime de ódio por motivação política".

Como estão as investigações

A Polícia Civil do Paraná já ouviu a esposa e outras 13 pessoas no inquérito que investiga o assassinato de Marcelo Arruda. Outros três depoimentos estavam previstos para hoje.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), Guaranho foi de carro à entrada da festa onde o guarda municipal comemorava o aniversário com uma festa temática sobre o PT.

Segundo testemunhas, a esposa do policial penal estava com a filha de 3 meses no banco de trás. De acordo com a investigação, ele reproduzia uma música em som alto em alusão a Bolsonaro e começou a insultar os integrantes da festa.

A Polícia Civil paranaense também atualizou os dados sobre o estado de saúde do policial penal Jorge Guaranho, que segue internado em estado grave na UTI do Hospital Ministro Costa Cavalcante e respira com o auxílio de ventilação mecânica. Não houve avanço no estado de saúde dele nas últimas 24 horas.

Baleado por Arruda nas pernas e no rosto após atirar, ele também foi atingido por chutes na cabeça dados por convidados da festa.

CORREIO DO ESTADO