Mesmo usando legado de Cabo Almi, Flávio Moura troca PT por partido de Moro

16/03/2022 14h45 - Atualizado há 2 anos

Filho do ex-deputado petista, que era conhecido por defender Lula e morreu de Covid, vai disputar cadeira na Câmara Federal

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Flávio e o pai, Cabo Almi - Arquivo pessoal

Uma mudança partidária improvável pegou alguns desavisados de surpresa nesta terça-feira (15): Flávio Moura, que em suas redes sociais se identifica como Flávio Cabo Almi, em clara referência a seu falecido pai, o ex-deputado estadual Cabo Almi, vai trocar de partido.

Filho de um dos históricos petistas sul-mato-grossense, Flávio deve desembarcar em breve no Podemos, partido que hoje abriga o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato a presidente, e que autor de várias sentenças questionadas pelos defensores de Lula, entre eles Almi.

Nem mesmo o uso do espólio político do pai e do já garantido apoio de nomes que acompanhavam o Cabo Almi, como o vereador Ayrton Araújo, conseguiram segurar ele no Partido dos Trabalhadores.

No sábado (12), integrantes da equipe de Flávio participaram, devidamente uniformizados com o slogan "Cabo Almi Vive", do ato de lançamento da pré-candidatura de Rose Modesto (União Brasil) ao governo do Estado. O Podemos é uma das principais siglas do arco de alianças da deputada.

Em nota enviada à imprensa nesta tarde, Flávio afirma que sai do PT pois pretende ir à disputa por uma das oito vagas de deputado federal de Mato Grosso do Sul em outubro e, na legenda, ele não terá espaço para alcançar tal objetivo, pois o PT deve garantir apenas um parlamentar em Brasília (DF).

Atualmente, a sigla da estrela vermelha já conta com um deputado federal por MS, Vander Loubet, tratado como prioridade pelos partidos. "Ele não teria chances de se eleger e seria apenas um somador de votos para a legenda, para erguer o Vander", confidenciou à reportagem um membro da equipe de Flávio.

O PT já contava com Flávio na formação da chapa para a disputa por cadeira na Câmara dos Deputados, ao lado de Vander, do sindicalista da área da educação Jaime Teixeira e da vereadora Camila Jara. A última ainda não confirmou se vai aceitar o convite da sigla a qual faz parte.

A reportagem tentou entrar em contato com Flavio Moura, mas até o fechamento do texto, não obteve retorno. Veja abaixo a nota completa enviada pela assessoria de Flavio:

Após muito diálogo com a família e com os companheiros desejo fazer o anúncio da minha saída do Partido dos Trabalhadores. A princípio, com o meu pai ainda em vida, nosso projeto era que eu sairia candidato pelo partido do PT, com o trágico acontecimento do seu falecimento, o cenário político mudou.

Hoje eu tenho responsabilidade não só pela minha família, mas sim pelo grupo do meu pai e daquelas pessoas que de uma forma ou de outra se contemplava com a política humanitária realizada pelo meu saudoso pai.

Embora admirar a ideologia do PT, hoje os números atuais mostram elegendo apenas um candidato, sendo ele o nosso deputado federal Vander Loubet, sendo portanto inviável continuarmos no partido dos trabalhadores.

Foi uma decisão muito delicada, continuar sem o meu mentor aqui fisicamente é um desafio diário, a pessoa que eu mais admiro, porém tenho fé que a sua coragem inspira todos aqueles que por ele tem admiração.

Com quase 10 meses de sua partida, percebo que meu pai era maior do que qualquer partido, que qualquer ideologia, partiu com honra, como um guerreiro, e a minha missão é ser um pouco do que ele foi aqui, e isso serei independente de cargo, independente da onde eu estarei.

E hoje vivo na promessa de honrar o nome do meu pai, acima de qualquer coisa. Em meu nome e da minha família, fica aqui meu agradecimento ao Partido dos Trabalhadores.

CORREIO DO ESTADO