Marina busca ex-ministros do STF para seu partido
Com foco nas eleições de 2018, a ex-ministra Marina Silva tenta atrair para seu partido, a Rede, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao Estado, Marina confirmou que tem conversado com Joaquim Barbosa e Carlos Ayres Britto. Disse, porém, que as conversas são apenas sobre o cenário político brasileiro, embora seus aliados admitam o interesse da sigla em atrair figuras de peso do Judiciário.
A Rede também tenta atrair o apoio do PSB, partido pelo qual Marina disputou as eleições de 2014, após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, com quem ela integrava a chapa como candidata a vice-presidente. As conversas nesse sentido estão sendo feitas com a ala do PSB de Pernambuco, que defende a independência do partido do governo Michel Temer.
Quando conversei com o ministro Joaquim Barbosa, falei sobre questões que estão acontecendo hoje no Brasil, referentes a este momento político. Nunca falei com ele sobre questões partidárias, disse a ex-ministra. Sobre Ayres Britto, afirmou: Conversamos sobre questões jurídicas. Ele me ensina que, para essa crise, a Constituição é o mapa.
Marina fez questão de ressaltar, no entanto, que os dois ex-ministros do Supremo têm legitimidade e são bem-vindos na política. A Rede tem respeito por essas figuras. E elas têm toda a legitimidade para, se de modo próprio desejarem, participar. Com certeza devem ser bem-vindas no espaço da política, afirmou. De acordo com ela, o partido que eventualmente filiasse Ayres Britto seria um agraciado.
O ex-ministro confirmou as conversas com Marina, de quem se diz amigo de muitos anos. Vez por outra a gente se junta para tomar um cafezinho e pensar grande o Brasil. Mas sem a mediação partidária, afirmou. Ele nega interesse em disputar eleições. Minha trajetória de vida no plano da ocupação ortodoxa de cargo público já está de bom tamanho. A reportagem não conseguiu contato com Joaquim Barbosa.
Do bem. Um dos principais articuladores de Marina, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) admitiu que o partido tem interesse em atrair integrantes do Judiciário. Seria muito bom se eles se envolvessem na política. Quanto mais gente do bem e menos bandido na política, melhor. É melhor Joaquim Barbosa do que (o deputado cassado Eduardo) Cunha. É melhor Deltan (Dallagnol, procurador da Lava Jato em Curitiba) do que a turma do PMDB, disse.
Randolfe afirmou que a Rede tem uma vantagem comparativa natural para atrair essas figuras. Com a agenda e a linha que defendemos, nenhum outro partido é tão atrativo para eles quanto a Rede. Defendemos o fim do foro (privilegiado) e apoiamos a Lava Jato, disse o senador, que foi relator na Casa da proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do fim do foro. Ele confirma conversas com Joaquim Barbosa, mas disse que o ex-ministro ainda não acenou com a possibilidade de entrar na política.
O senador ressaltou que a Rede tenta convencer Marina a ser candidata a presidente em 2018. Ela, porém, disse que ainda não decidiu. Estou fazendo meu próprio discernimento no diálogo com a Rede, com outras lideranças de outros partidos, para ver qual melhor forma de contribuir com tudo isso, desconversou. Um desses partidos é o PSB.
Segundo Randolfe, Marina tem conversado sobre o assunto com o presidente do partido, Carlos Siqueira, e a família Campos. Ele considera que, enfraquecido pela Lava Jato, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não deve ser candidato a presidente. Para ele, isso fortalece uma aliança entre PSB e Rede, à medida que neutraliza a ala da sigla liderada pelo vice-governador paulista, Márcio França (PSB), que defende apoio ao tucano em 2018.
Viável. A conversa se aprofundou. A possibilidade de refazer a aliança com a Rede estava fora de cogitação até a virada do ano, mas, hoje, pode se considerar com uma hipótese bastante viável, afirmou o deputado Júlio Delgado (MG), da ala do PSB que defende independência da legenda em relação ao governo Temer. Ele disse ter conversado sobre o tema com Beto Albuquerque, vice-presidente da sigla, e com o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB). Eles veem com bons olhos.
Delgado pontua que, caso o PSB não evolua para uma candidatura própria, Marina é um dos campos políticos com os quais muitos integrantes da direção do partido admitem conversar para fazer aliança.
Outra possibilidade, afirmou, é firmar acordo com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), pré-candidato ao Planalto em 2018. A intermediação tem se dado por meio do governador do Ceará, Camilo Santana, que cogita deixar o PT para se filiar ao PSB.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.