Maia não garante apoio a Temer em votação de denúncia: Muito difícil
Opresidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a falar sobre o apoio dado a Michel Temer, quando da primeira denúncia contra o presidente, apresentada pela Procuradoria-Geral da República, em junho último.
À época, o peemedebista foi acusado de corrupção passiva e conseguiu barrar a denúncia, durante votação no plenário da Câmara. Com isso, o processo foi arquivo e só poderá ter prosseguimento quando o mandato de Temer acabar.
Vou dizer claramente, sem nenhuma vaidade: se eu tivesse deixado o DEM sair (do governo) com o PSDB, o Michel tinha caído, afirmou Maia, em entrevista ao jornal Valor Econômico, divulgada nesta sexta-feira (29).
As declarações ocorrem às vésperas da segunda votação contra Temer, dessa vez por obstrução da Justiça e organização criminosa. Foi a última flechada de Rodrigo Janot à frente da PGR.
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Ainda sobre a decisão dos deputados de não afastar o presidente, Rodrigo Maia reafirmou que não tem intenção de assumir à Presidência do país, e por isso mesmo trabalhou em prol de Temer, ao contrário do que políticos ao redor da ex-presidente Dilma Rousseff fizeram.
Não fiz com eles (governistas) o que eles fizeram com a Dilma. Talvez por isso essas mentiras criadas, para tentar criar um ambiente em que eu era o que não prestava e eles eram os que prestavam, disse o deputado, em referência aos boatos que chegaram a circular, à época, sobre ele estar no comando de uma possível articulação para derrubar Michel Temer.
Como eles (governistas) fizeram desse jeito com a Dilma, talvez imaginassem que o padrão fosse esse. O meu padrão não é o mesmo daqueles que, ao redor da presidente, comandaram o impeachment da Dilma, completou, imputando à ala dura do PMDB a culpa por disseminar essa corrente.
Sobre a nova denúncia, que atinge não apenas o presidente mas dois de seus ministros, Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-geral, Maia não deu garantias de que se esforçará, da mesma forma, no cenário atual. Demonstra que a relação entre DEM e o PMDB, de fato, ficou estremecida, após líderes do partido do presidente da República, inclusive o próprio, entrarem em campo para convencer dissidentes do PSB a se filiarem à legenda.
O DEM procura ampliar sua base na Câmara e já estava sondando os políticos, mas perdeu a batalha para o governo, que atraiu os parlamentares alinhados com as reformas pretendidas pelo Planalto.
Desesperado, Michel pediu para jantar aqui comigo para esclarecer que era mentira (a tentativa de atrair dissidentes do PSB). O presidente do PMDB (senador Romero Jucá) ligou para o presidente do DEM (senador Agripino Maia) para dizer que eles não tinham nenhum interesse nos parlamentares do PSB e o que estamos vendo é outra coisa. E o Romero, depois dessa denúncia, continuou fazendo a mesma coisa. A relação do PMDB com o DEM hoje é muito difícil, admitiu Maia.
O presidente da Câmara ainda criticou a presença de dois importantes peemedebistas na filiação do ministro de Minas e Energia, Fernado Bezerra Coelho: os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha. Segundo Maia, o gesto significa uma posição do governo.
Como o presidente do PMDB e o próprio presidente da República falam uma coisa e o partido faz outra? E os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha vão à filiação do Fernando Coelho respaldar que aquilo é uma posição do governo? Eles são muito corajosos, ironizou. Um deputado do DEM pode pensar: Por que eu vou me meter nesse desgaste se o governo quer prejudicar meu partido?, completou o presidente da Câmara.
POR NOTÍCIAS AO MINUTO
Imagem © Antonio Cruz/Agência Brasil