Instituto Brasil-Israel repudia fala de Flávio Bolsonaro que compara prisões do 8/1 a nazismo

28/09/2023 04h44 - Atualizado há 1 ano

A entidade classificou o discurso do senador pelo Rio de Janeiro como uma 'distorção negacionista que fere a memória das vítimas'

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JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO - ARQUIVO

O Instituto Brasil-Israel publicou uma nota de repúdio à fala do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em que ele compara os presos nos atos extremistas do 8 de Janeiro com as vítimas do Holocausto — genocídio de judeus e outros povos praticado pelos nazistas no século passado. As declarações do senador foram feitas na sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro de terça-feira (26), durante o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno. A entidade classificou a fala do parlamentar como uma "distorção negacionista que fere a memória das vítimas".

"[No Holocausto] a gente via pessoas com medo, querendo fugir do nazismo e sendo direcionadas para estações de trem de forma pacífica, com a falsa promessa de que iriam entrar em um trem e fugir do regime, mas, enquanto estavam nas estações, eram ligadas as câmaras de gás e as pessoas morriam aos milhares. Muito parecido com o que aconteceu aqui nos dias 8 e 9 de janeiro", afirmou Flávio Bolsonaro.

O Instituto Brasil-Israel rebateu a declaração e disse que, "ao contrário dos detidos e presos por crimes em Brasília, as vítimas dos nazistas não cometeram crime algum". "Foram exterminadas em razão de sua identidade religiosa, nacional, sexual ou política", diz a nota.

O Holocausto vitimou mais de 6 milhões de pessoas. Para a instituição, a declaração do senador em que ele compara os mortos nesse fato histórico aos depredadores de Brasília "é um caso clássico de banalização do Holocausto. Flávio decide entrar em resoluções assustadoras, sendo desrespeitoso e ofensivo com a memória", diz o instituto.

General Heleno na CPMI

Chefe de segurança do Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o general Augusto Heleno falou à CPMI nesta terça-feira como testemunha, com direito ao silêncio e a garantia de não autoincriminação diante de perguntas com potencial para prejudicá-lo.

Entre outras coisas, Heleno disse que não teve nenhum conhecimento sobre a minuta de golpe de Estado encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. Negou também que tivesse ido a acampamentos instalados em frente a quartéis do Exército e que tivesse participado de reuniões com chefes das Forças Armadas nas quais estaria sendo combinada uma intervenção militar no Brasil.

 Do R7, em Brasília