Funaro diz que Temer recebia e intermediava repasses de propina
Homologada recentemente pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro aponta que o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu e intermediou repasses de propinas a políticos.
Reportagem da revista Veja deste fim de semana aponta que Temer teria recebido dois repasses de uma conta-propina administrada por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e que está preso desde outubro de 2016 em Curitiba.
Além disso, Funaro disse que Temer teria cobrado caixa 2 em favor da campanhas de aliados, conforme mostram as informações obtidas pela publicação em torno da colaboração, que foi negociada pela defesa do doleiro por três meses.
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Em sua delação, Funaro admitiu que nunca conversou sobre dinheiro com Temer diretamente. Cabia a Cunha ser o interlocutor do então vice-presidente da República e presidente do PMDB. O doleiro diz que Temer “sempre soube” dos esquemas ilegais.
Temer participava do esquema de arrecadações de valores ilícitos dentro do PMDB. Cunha narrava as tratativas e as divisões [de propina] com Temer, afirmou Funaro na sua delação. O doleiro revelou ainda que Temer teria recebido dois repasses: um de R$ 1,5 milhão, do grupo Bertin, e outro de R$ 7 milhões, originados da JBS.
A assessoria do presidente já divulgou que Temer não conhece Funaro e que pode, em uma ocasião, ter se encontrado com ele no passado em um aeroporto, mas que ambos não tinha qualquer relação.
Funaro confirmou ainda, em sua colaboração, que Joesley Batista, dono da JBS, lhe prometeu R$ 100 milhões em troca do seu silêncio. Os repasses chegaram a R$ 4,6 milhões, até que o empresário virou delator e denunciou o esquema, inclusive gravando uma conversa com Temer na qual teria falado sobre os pagamentos a Funaro e a Cunha.
Nos bastidores, especula-se que a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer dependia da homologação da delação de Funaro. A expectativa é se ela será mesmo feita antes do dia 17 de setembro, quando termina o mandato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Anteriormente, Janot disse que “enquanto houver bambu, vai haver flecha”, em uma analogia a provas e denúncias contra envolvidos em crimes investigados pela PGR. (Sputnik)