Fora da chapa do MDB, André Puccinelli é “candidato oculto” do partido

22/09/2020 08h25 - Atualizado há 4 anos

Legenda pode mudar os planos no meio da disputa e escalar o ex-governador para estas eleições

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Valdenir Rezende/Correio do Estado

Flávio Veras

Durante a campanha eleitoral, não se assuste se porventura ver a figura do ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli colada nos dois candidatos do MDB à Prefeitura de Campo Grande, Marcio Fernandes e a vice, Juliana Zorzo.

É que o ex-governador ainda não descartou totalmente a possibilidade de participar da disputa, ainda que seja em uma manobra de última hora, entrando na chapa do partido para prefeito.

O Correio do Estado apurou que essa manobra, parecida com a que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nas eleições de 2018, é cogitada pela legenda.

Na ocasião, o Partido dos Trabalhadores (PT) segurou o nome de Lula como cabeça de chapa até quando pôde. Aos 45 minutos do segundo tempo daquele pleito, os nomes que concorreram nas urnas foram os de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila (PCdoB), como vice.

Ainda conforme apurado pela reportagem, a ideia da legenda seria segurar esse anúncio para não desgastar a imagem de Puccinelli em decorrência da ofensiva que poderia acontecer pelos seus adversários durante a propaganda eleitoral, que terá início no dia 27, oficialmente.

Outra informação de bastidor é que o político também conversa com outras candidaturas para um possível apoio no segundo turno, o que poderia deixar o cenário emedebista como está atualmente.

Regras

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a substituição de toda uma chapa ou apenas de um dos dois candidatos pode ser realizada até 20 dias antes das eleições nos casos de indeferimento, cassação ou renúncia.

A escolha do substituto deve ser feita de acordo com o estatuto do partido político ao qual pertence o substituído.

O prazo para requerer o registro é de até 10 dias contados do fato ou da notificação do partido da decisão judicial que deu origem à substituição.

O período de 10 dias deve ser observado também na hipótese de falecimento do candidato.

Nessa situação, a substituição pode ser efetivada a qualquer tempo, ou seja, não se exige a antecedência de 20 dias antes das eleições.

Se a substituição ocorrer após a preparação das urnas, o substituto concorrerá com o nome, o número e a fotografia do substituído, e as agremiações partidárias devem esclarecer aos eleitores sobre as alterações de candidatos, dando ampla divulgação ao fato.

Histórico político

A carreira política de Puccinelli teve início quando foi ele secretário estadual de Saúde, entre os anos de 1983 e 1985.

Posteriormente, foi eleito deputado estadual em Mato Grosso do Sul por dois mandatos, de 1987 a 1991 e de 1991 a 1995. Foi deputado federal de 1995 a 1996, até ser eleito a prefeito da Capital em 1996 e ser reeleito em 2000.

Nas eleições de 2006, candidatou-se ao governo do de Mato Grosso do Sul pelo então PMDB.

Seu principal adversário nas urnas foi o senador Delcídio do Amaral, que pertencia ao PT. Em 2010, concorreu à reeleição, tendo disputado contra o ex-governador Zeca do PT. Conquistou a reeleição ainda no primeiro turno, tendo renovado o seu mandato de governador de Mato Grosso do Sul até 2015.

Polêmicas

A trajetória política de Puccinelli é marcada por diversas polêmicas, entre elas, corrupção. Além disso, Puccinelli agrediu um eleitor em 2010, após ser chamado de “ladrão” por um rapaz de 23 anos.

O político também foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro e tal processo se encontra paralisado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em virtude da falta de autorização dos deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para que o STJ proceda com os autos.

A Operação Uragano, da Polícia Federal, apontou o ex-governador em um esquema ilegal de pagamento de propinas a deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), a desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e a membros do Ministério Público do Estado (MPMS).

O ex-governador também teve seu nome citado na Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, pois, durante sua gestão no governo do Estado, Puccinelli assinou contratos que somam R$ 2 bilhões só com empresas investigadas.

Em 14 de novembro de 2017, Puccinelli foi preso preventivamente na quinta fase da operação, intitulada Papiros de Lama. O ex-governador foi apontado pela PF como chefe de um esquema de propina, recebendo a soma de R$ 20 milhões em apenas um ano.

Em 20 de julho de 2018, o ex-governador foi preso novamente pela PF, no âmbito da Operação Lama Asfáltica. Na ocasião, a prisão foi embasada na suspeita de que ele estaria atuando para obstruir a investigação e destruir provas.

Puccinelli acabou solto pelo Superior Tribunal de Justiça em dezembro de 2018 e atualmente responde por corrupção e lavagem de dinheiro na Justiça Estadual.

CORREIO DO ESTADO