Em sabatina, Fachin lembra passado, diz que é sobrevivente e chora

12/05/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Em sabatina no Senado, o advogado e jurista Luiz Edson Fachin, indicado pela presidente Dilma Rousseff a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), se emocionou e chorou nesta terça-feira (12), em meio ao discurso de apresentação aos parlamentares que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado responsável pela análise dos candidatos a magistrados da Suprema Corte.

Apadrinhado por forças políticas de diferentes matizes do Paraná – estado onde atuou durante sua carreira como advogado –, Fachin foi indicado para o STF em 14 de abril, nove meses após o ministro Joaquim Barbosa se aposentar do tribunal. No último mês, o jurista nascido no Rio Grande do Sul circulou pelos gabinetes de senadores para tentar assegurar os votos que garantam a aprovação dele para a vaga.

“Na minha alma sempre falou alta a lembrança de meus pais e meus tios, destacou, com a voz embargada, o advogado e professor titular de direito civil da Faculdade de Direito do Paraná, interrompendo rapidamente a declaração para secar as lágrimas.

Amanhecerem na lavoura, sofrerem a estiagem, ou o excesso de chuvas, as dificuldades de financiamento e de apoio daqueles que carregaram e carregam esse país nos ombros”, complementou Fachin, sendo aplaudido por parte dos senadores.

Na sabatina, os senadores que compõem a CCJ questionam o indicado antes de decidirem, em voto secreto, se aprovam ou rejeitam a indicação. Aprovado, o nome do indicado segue para votação no plenário do Senado, último passo para posse e efetivação do novo ministro no Supremo.

Luiz Edson Fachin só começou a falar mais de uma hora após o início da sessão da comissão. Antes de começarem a sabatina, senadores da oposição tentar suspender a sessão e mudar o formato das perguntas e respostas. Os pedidos, no entanto, foram rejeitados pelo presidente em exercício da comissão, senador José Pimentel (PT-CE), e em votação no plenário.

Em meio ao discurso inicial, ainda emocionado, o candidato à vaga do STF ressaltou, ao lembrar da infância e da adolescência, que, na opinião dele, ele era um sobrevivente. Fachin destacou aos parlamentaresdo orgulho que sente de, antes de ingressar na carreira jurídica, ter exercido outras profissões, como vendedor de laranjas, para ajudar no sustento da família.

“Sou um sobrevivente, não me recuso aos desafios. Sobrevivi à infância contrabalançando o zelo materno e privações. Sobrevivi a uma adolescência difícil e enriquecedora. Não me envergonho, ao contrário, me orgulho, de ter vendido laranjas na carroça de meu avô pelas ruas onde morávamos. Me orgulho de ter começado como pacoteiro de uma loja de tecidos. Me orgulho de ter vendido passagens em uma estação rodoviária. Tive desafios muito cedo”, enfatizou.

Trajetória como advogado

Na apresentação aos senadores, Fachin também falou sobre sua trajetória profissional e acadêmica. Ele destacou que, ao longo da carreira, escreveu aproximadamente duas centenas de artigos e diversos livros. Tudo isso, nada obstante, se reúne a dizer que mais tenho aprendido que ensinando”, disse Fachin.

“Renovo meu compromisso, se aprovado for, com o múnus de julgar com independência, imparcialidade, retidão, com valores que herdei e tenho tentado transmitir aos meus alunos por décadas. Tenho inafastável obediência à ordem democrática, à legalidade constitucional, à garantia dos direitos individuais, à interdependência dos poderes do Estado”, declarou Fachin.

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