Eleições podem ser definidas por voto de mulheres indecisas

26/06/2018 00h00 - Atualizado há 5 anos
Cb image default
Divulgação

O percentual de indecisas é maior entre as de menor renda (45% das que ganham até dois salário mínimos)

Levantamento mostra que um terço do eleitorado brasileiro não tem candidato para ocupar a presidência do Brasil. A indefinição do voto feminino hoje é muito superior a do masculino, indicando que a escolha delas terá um peso importante para definir o quadro eleitoral.

As mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). E a incerteza delas se intensifica ainda mais com a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da disputa, cenário hoje mais provável devido à sua condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, se a eleição presidencial tivesse ocorrido no início de junho com outro petista na disputa (Fernando Haddad ou Jaques Wagner), 41% das eleitoras brasileiras não teriam escolhido qualquer candidato. Essa é a soma das que responderam que não sabiam ainda em quem votar ou que votariam em branco ou nulo. Já no caso dos homens, esse percentual cai para 25%.

Quatro anos atrás, em junho de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) concorria à reeleição contra Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), a indefinição entre os homens era parecida (24%), mas entre as mulheres menor do que agora (34%).

Cruzamentos das respostas de intenção voto disponibilizados pelo Datafolha a pedido da BBC News Brasil mostram que o percentual de indecisão das eleitoras é ainda maior entre as de menor renda (45% das que ganham até dois salário mínimos) e supera metade do eleitorado feminino no Nordeste (52% das moradoras daquele região estão sem candidato).

Diante do alto número de indecisas, o candidato que conseguir atrair o eleitorado feminino de menor renda, em boa parte órfão de Lula, terá mais chances de passar ao segundo turno, afirma Rafael Cortez, cientista político da consultoria Tendências.

A definição do cenário deve vir mais da redução dos indecisos do que da mudança de quem já escolheu um candidato. Nesse sentido, a mulher da baixa renda do Nordeste é o primeiro eleitor que pode mudar a cara da campanha, avalia Cortez.

Difícil saber como o eleitorado feminino vai se comportar, mas sem dúvida elas vão ser importantes para definir (a eleição) porque os votos brancos e nulos vão ser disputados a tapa, acredita também a cientista social e antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, que estuda o eleitor de Bolsonaro ao lado da antropóloga Lúcia Scalco.

Por Terra