Desempenho ruim nas urnas “quebra” partidos no Estado

06/03/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Por IZABELA JORNADA

A situação financeira de muitos partidos no Estado de Mato Grosso do Sul ficou complicada em razão dos desempenhos pífios nas urnas que resultaram em perda de recursos para as siglas. Muitos estão parcelando débitos, que chegam a R$ 400 mil, enquanto outros demitiram funcionários para que não acumulem mais despesas. Existem aqueles que também estão com dívidas trabalhistas e com ações na Justiça.

O partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do ex-governador André Puccinelli, é um desses que tiveram de demitir mais de doze colaboradores da estrutura da sigla até o ano passado. “Decidimos demitir em outubro para que não ficássemos com esse ônus, agimos com prudência, pois não sabemos quantos vamos receber neste ano”, explicou o presidente do MDB municipal, Ulisses Rocha.

Em 2018, de acordo com Rocha, o partido recebeu, aproximadamente, R$ 112 mil mensais, porém, a chance de alcançar esse valor em 2019 é pequena. “Acredito que teremos uma diminuição de, mais ou menos, 60% dos valores”, adiantou o presidente municipal do MDB.

Isso porque a sigla não elegeu nenhum deputado federal por MS e a cota partidária é destinada aos diretórios estaduais e municipais de acordo com a representação da sigla na Câmara dos Deputados.

Ulisses adiantou que, a partir deste mês, os diretórios começarão a contratar novamente os funcionários, conforme o valor que vão receber. 

Atualmente, o ex-senador Waldemir Moka (MDB) está como presidente interino do partido. Puccinelli foi eleito para liderar a sigla em 2017, mas, em razão da prisão do ex-governador, Moka assumiu o posto.

“Puccinelli não tem falado sobre política, ele está preocupado com a defesa dele”, declarou Ulisses Rocha.

Outro partido que está em situação de emergência é o PT. De acordo com o ex-deputado estadual Amarildo Cruz, a sigla tem dívida de, aproximadamente, R$ 400 mil, que já foi parcelada. “Temos passivo grande, dívidas com FGTS, INSS, servidores, estamos com o débito parcelado e estamos em dia. Negociamos e estamos pagando mensalmente”.

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores e ex-senador, Zeca do PT, declarou que parte dos valores que vieram do fundo de campanha de 2018 foi utilizada para pagar pendências antigas.

Já o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), um dos mais antigos, que tem fundação datada do dia 15 de maio de 1945, está com rombo, no que diz respeito às dívidas trabalhistas. De acordo com o vice-presidente da sigla, Alípio Oliveira, após a saída do senador Nelson Trad Filho do comando, o deputado e atual presidente do partido, Neno Razuk, assustou-se ao se deparar com os débitos. O deputado não quis divulgar valores, mas salientou que é um volume considerável. 

De acordo com o vice-presidente, Razuk conseguiu R$ 15 mil, com o diretório nacional, para pagar salários de funcionários que estavam atrasados. Oliveira acredita que a situação financeira ficará mais apertada em 2019. “Em 2018, tínhamos 23 deputados federais pelo PTB, agora esse número caiu para 11”.

Oliveira declarou também que, no ano passado, o PTB recebeu de R$ 10 mil a R$ 20 mil por mês, em 2018, mas que neste ano o valor deve cair para R$ 5 mil a R$ 6 mil mensais. “E teremos que administrar esse recurso no pagamento das despesas. Não sei como faremos para pagar essas dívidas passadas e ao mesmo tempo nos sustentar”, declarou Alípio.

O PTB tem, aproximadamente, 12 mil filiados e não elegeu nenhum deputado federal nas eleições de 2018. De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PTB nacional recebeu R$ 2.674.755,57 em janeiro de 2019.

Enquanto isso, o partido do prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), e dos irmãos Fábio Trad, deputado federal, e Nelson Trad Filho, senador, mudou de presidente. Anteriormente a sigla era liderada pelo secretário de Governo Municipal, Antônio Lacerda, contudo, após reunião com o diretório nacional, o presidente da sigla, Gilberto Kassab, autorizou Nelson Trad Filho a assumir a presidência estadual. O valor do fundo partidário do PSD, depositado em janeiro deste ano, é de R$ 4.027.589,34.

 Foto: Victor Chileno / ALMS

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