CRE pede que governo reveja desistência do Brasil de sediar a COP-25
A desistência do Brasil de sediar a COP-25 não foi bem recebida pelos integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Requerimento que pede a revisão da decisão do governo foi aprovado nesta quarta-feira (28) pela CRE. A candidatura brasileira seria submetida à votação durante a COP-24, prevista para começar já no próximo domingo em Katowice, na Polônia.
Além dos senadores Cristovam Buarque (PPS-DF) e Jorge Viana (PT-AC), autores do requerimento, o presidente da CRE, senador Fernando Collor (PTC-AL), criticou duramente a decisão do governo, anunciada no dia anterior. Ele afirmou que a alegação apresentada pelo governo, de não haver verbas para a realização do evento, é conversa para boi dormir.
— O governo precisa rever seu posicionamento o mais breve possível. O Brasil está abdicando de exercer seu soft power, um dos instrumentos mais úteis da nossa diplomacia e para nossa afirmação internacional. Renunciar a esta candidatura não condiz com a estatura que atingimos no debate mundial relacionado às mudanças climáticas. Estamos na contra-mão do movimento da comunidade das nações, e o mais preocupante é que este pode ser o primeiro passo para retirar o Brasil do Acordo de Paris. É algo dramático — criticou o senador.
Vantagem econômica
Jorge Viana reiterou que a proposta orçamentária de 2019 já prevê a destinação das verbas correspondentes à organização do evento, com a maior parte dos recursos advindo de dinheiro já existente no Fundo Clima, gerido pelo BNDES. Para ele, realizar a COP-25 pode até ser economicamente vantajoso, pois durante duas semanas o país será visitado por milhares de participantes, grupos sociais e jornalistas interessados em cobrir o evento.
Cristovam também avalia que o Brasil está virando as costas para o mundo, e credita parte da decisão ao futuro governo Bolsonaro.
— O mundo sabe que esta renúncia do Brasil não está ligado a questões orçamentárias. O impacto no Orçamento para realizar a COP-25 seria ínfimo. O presidente eleito [Jair Bolsonaro] aponta em seu discurso o desprezo pela ecologia, e uma aliança radical com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O mesmo que afirma que o mundo não passa por crise climática, discordando da comunidade científica de seu próprio país, só para ficar num exemplo. O que vai parecer é que esta não é uma decisão do governo Temer, mas de Bolsonaro, virando as costas para o mundo e se abraçando a Trump — disse Cristovam.
Agência Senado