CPI da Pandemia pode convocar Kassyo Ramos, que recebeu dinheiro de Danilo Trento

25/09/2021 08h04 - Atualizado há 3 anos

CPI ouve na próxima terça advogada que representa médicos autores das denúncias contra a operadora de saúde Prevent Senior

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Leopoldo Silva/Agência Senado

A CPI da Pandemia deve votar na próxima terça-feira (28) a quebra dos sigilos e a convocação de Kassyo Santos Ramos. Relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que ele recebeu dinheiro do empresário Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos. Os requerimentos foram apresentados pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

De acordo com o Coaf, após receber recursos de Danilo Trento, Kassyo Ramos transferiu valores para a Barão Tur, empresa de turismo controlada por Raphael Barão Otero de Abreu. A agência executou voos de funcionários da Precisa para a Índia. “Segundo informações colhidas por esta CPI, [a Barão Tur] recebeu valores exorbitantes em apenas um ano pelos supostos serviços prestados”, destaca Alessandro Vieira.

Ainda de acordo com o parlamentar, Raphael Barão acompanhou os funcionários da Precisa a Nova Dhéli para intermediar a aquisição de vacinas Covaxin. Questionado durante depoimento à CPI sobre a relação com Kassyo Ramos, Danilo Trento preferiu permanecer em silêncio. Para Alessandro Vieira, a quebra de sigilos e a convocação de Kassyo Ramos podem “desvelar os exatos termos da relação” entre ele e os empresários Danilo Trento, Francisco Maximiano e Raphael Barão.

Convocações

A CPI aprovou na semana passada a convocação de Márcio Roberto Teixeira Nunes, servidor do Instituto Evandro Chagas. Em mensagens trocadas como o lobista Marconny Faria, Márcio Nunes pede apoio para uma substituição na diretoria do órgão.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o servidor fez “diversos pagamentos” a Marconny Faria. “Após vários pagamentos e tratativas com atores de ingerência no Ministério Público e na Casa Civil, o senhor Márcio chegou a ser nomeado diretor substituto, quando interferiu pessoalmente em processos de licitação buscando designação de pregoeiro favorável a seus interesses e fornecendo manifestações técnicas para obter vantagens ilícitas”, explica o autor do requerimento.

A CPI também aprovou a convocação o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Ele deve explicar se houve subnotificação ou supernotificação de casos de covid-19 no estado. O requerimento é do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), e foi apresentado após as revelações relacionadas à empresa de saúde Prevent Senior. Em depoimento à CPI na última quarta-feira (22), o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Jr., admitiu que a empresa alterava prontuários médicos. Ele foi acusado por senadores da comissão de fazer a mudança para omitir que pacientes internados em hospitais da rede morreram por complicações da covid-19.

O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), defendeu a aprovação do pedido. 

— A subnotificação em São Paulo foi muito grande. Quem é responsável para recolher o número de óbitos é a Secretaria de Estado. Se a Prevent Senior, que admitiu aqui que a pessoa entrava com a covid e, depois, quando ia a óbito, colocava que a razão da morte não era covid, há subnotificação nesse caso — justificou.

Denúncias

As datas dos depoimentos do secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, e do servidor Márcio Roberto Teixeira Nunes, do Instituto Evandro Chagas, ainda não foram definidas. Na próxima terça-feira, a CPI deve ouvir a advogada Bruna Morato. Ela representa os médicos da Prevent Senior que apresentaram um dossiê com denúncias contra a empresa, incluindo a de que havia a imposição de que fosse prescritos remédios ineficazes contra o coronavírus.

Na quarta-feira (29), os senadores ouvem o empresário Luciano Hang. A mãe dele, Regina Hang, foi internada com covid-19 em um dos hospitais da rede Prevent Senior. O prontuário médico informa que ela fez tratamento prévio com medicamentos do “kit covid”. Regina Hang não resistiu e faleceu por conta da doença. No entanto, o atestado de óbito da paciente não registra a covid-19 como a causa da morte.

A CPI da Pandemia aprovou 1.031 requerimentos desde o início dos trabalhos. Outros 413 pedidos estão pendentes de votação.

Fonte: Agência Senado