Contra a desinformação, senadores exaltam o trabalho de checagem feito pela imprensa e redes sociais

28/05/2021 09h30 - Atualizado há 3 anos

O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), também defendeu a criação, no Senado, de um serviço de checagem de informações durante a comissão parlamentar de inquérito

Cb image default

Edilson Rodrigues/Agência Senado

Diante da disseminação de desinformação sobre a covid-19, senadores ressaltaram nesta quinta-feira (27) a necessidade de conferir constantemente as informações apresentadas durante as reuniões da CPI da Pandemia. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), destacou que a imprensa tem ajudado a comissão com suas coberturas e checagens de fatos.

— Nós vamos colaborar nessa busca permanente da verdade, que é o grande propósito desta comissão parlamentar — apontou Renan.

Assim como Renan, o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AL), também elogiou o trabalho de checagem de fake news feito pelos veículos da imprensa e a contribuição de perfis em redes sociais, principalmente no Twitter.

Os comentários de Renan e Randolfe vieram depois que o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) insinuou que a vacina Coronavac teria em sua composição "células extraídas de fetos abortados". O diretor do Butantan, Dimas Covas, refutou:

— São as células Vero, que é uma célula de macaco, de rim de macaco, e é utilizada na produção de outras vacinas, não só essa CoronaVac — informou o diretor  do Butantan.

Durante a reunião, Dimas Covas afirmou que a desinformação e as campanhas de difamação da vacina CoronaVac nas redes sociais atrapalham o avanço da vacinação.

— Questionar o Butantan significa questionar a saúde pública brasileira, a qualidade da saúde pública brasileira — e Butantan é um exemplo disso. Então, de fato, essa campanha que foi feita pelas mídias sociais, desqualificando a vacina, desqualificando o Butantan, sem dúvida nenhuma, trouxe prejuízos à imagem do Butantan — criticou, lembrando que o instituto tem uma história de respeito internacional. 

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também lamentou que a CPI esteja sendo utilizada por alguns como espaço para desinformação. 

—Nós temos vídeos apresentados fora de contexto ou sem data da sua edição, nós temos falas que evocam preconceitos tradicionais, como uma insinuação de ligação entre aborto e vacina [...] Nós vemos as pessoas reproduzindo discursos que partem daqui, porque se, dentro de uma CPI do Senado, as pessoas se sentem no direito de mentir, de reproduzir falas que não correspondem à realidade, você imagina o que vai acontecer no bar da esquina ou no grupo do WhatsApp da família — criticou o senador. 

Ainda no intuito de combater teorias conspiratórias, Alessandro Vieira perguntou a Dimas Covas, na qualidade de cientista, sobre várias dessas desinformações espalhadas, muitas vezes, com interesses políticos, como a de um "complô internacional" contra a "cloroquina". O diretor do Butantan refutou uma a uma. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) fez o mesmo, levando Dimas Covas a desmentir várias mentiras espalhadas pela internet.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) criticou o uso constante de fake news e mentiras na CPI.

— Essa história de que a vacina é produzida a partir de célula de feto abortado: são coisas que não cabem num ambiente como este que nós estamos aqui, que é o ambiente do Senado Federal, tratando de um assunto extremamente relevante, que é uma pandemia — afirmou.

Ao longo da reunião, senadores da oposição, como o próprio Rogério Carvalho, exibiram vídeos do presidente da República, Jair Bolsonaro, em que o chefe do Executivo atacava explicitamente a Coronavac e afirmando que não compraria a "vacina chinesa". Em um dos trechos, Bolsonaro dá a entender que o coronavírus poderia ser uma arma biológica da China.  O senador afirmou que Bolsonaro desinforma e assim coloca a vida da população em risco.

— O presidente passa o tempo todo desinformando a população e encaminhando a população para que ela se aglomere, para que ela não use máscara, para que ela se infecte, para que ela adoeça, para que ela morra e para que ela não se vacine — disse Rogério Carvalho.

Fonte: Agência Senado