Condenado pela Justiça coordena campanha de juiz Odilon
Ex-vereador teve mandato cassado pela Justiça Eleitoral por compra de votos
O ex-vereador e ex-secretário municipal de Governo na gestão do ex-prefeito Alcides Bernal (PP), Paulo Pedra (PDT), que teve o mandato cassado em novembro de 2015 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por unanimidade, agora está coordenando a campanha eleitoral do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT), candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul.
Odilon, desde que anunciou disputar as eleições, afirmou não se aliar a corruptos. Com essa imposição, até as alianças partidárias com o PDT para as eleições deste ano ficaram difíceis, segundo o coordenador da campanha, João Leite Schimidt. O PDT está aliado com o Podemos e o PRB.
Mas o histórico do novo coordenador de campanha em Campo Grande não é de ficha limpa. Pedra teve o mandato cassado por ter sido acusado de compra de votos, um crime eleitoral.
Segundo a decisão, Pedra, a ex-vereadora Thais Helena (PT) e o ex-vereador Delei Pinheiro (PSD) foram condenados, em 2013, pelo juiz da 54ª Zona Eleitoral de Campo Grande, Luiz Antônio Cavassa de Almeida.
Pedra foi acusado de compra de votos e abuso de poder econômico durante o último pleito eleitoral, em 2012. O ministro do TSE e relator do caso, Admar Gonzaga, afirmou em seu parecer que ficou comprovado a compra de combustível em troca de voto.
Com a decisão, Pedra ficou inelegível por oito anos.
PARTIDO
Paulo Pedra afirmou ao Correio do Estado que foi convidado pelo juiz Odilon e pelo filho, vereador e candidato a deputado federal, Odilon de Oliveira Junior, a ajudar na campanha do juiz, na Capital.
“Eu não vou coordenar, fui convidado para ajudar na campanha aqui em Campo Grande”, relatou o ex-vereador.
Pedra disse ter sido convidado para colaborar e que nunca devia ter deixado o partido, mesmo com a perda do mandato. “O juiz é o melhor nome no momento como candidato ao governo”, ponderou.
O coordenador da campanha estadual de Odilon é Herbert Assunção, primeiro nome anunciado como vice-governador do juiz. “Vou ficar com Campo Grande. Montamos um time de cabeças pensantes, vou organizar a militância, reuniões. Planejar como o juiz vai fazer a campanha na Capital”, esclareceu Pedra.
O político afirmou ter experiência em campanha, pois, a primeira vez que disputou um cargo na política foi em 1982. “Essa campanha é curta, pouco tempo. Vamos organizar as andanças pela cidade, acompanhar as pesquisas. Eu tenho experiência, disputei oito eleições”, reforçou.
De acordo com o advogado de Pedra, que cuidou do caso, Valeriano Fontoura, o processo do ex-vereador já teve trânsito em julgado. “Ele foi absolvido do crime penal. No processo da cassação, tentamos uma medida para declarar nulidade, mas não foi deferida”, alegou.
Como o processo transitou em julgado, não cabe mais recurso e o processo foi arquivado. “A inelegibilidade dele, a forma de contagem do prazo para cassação ilícita começa a partir da ocorrência dos fatos. Mas o caso não cabe mais recurso”, declarou.
Sendo assim, como ele foi acusado de comprar votos nas eleições de 2012, Paulo Pedra cumpriu seis anos de inelegibilidade, mesmo tendo sido condenado pelo TSE em 2015.
Por Renata Volpe Haddad - Correio do Estado
Foto: Álvaro Rezende / Arquivo / Correio do Estado