Como as eleições nos Estados Unidos podem afetar o Brasil e Mato Grosso do Sul
Preocupação com o rumo político norte-americano envolve a manutenção das relações comerciais
Ricardo Campos Jr
Em ano de eleições nos Estados Unidos, o mundo praticamente para no intuito de acompanhar a escolha do líder norte-americano. O alinhamento político-ideológico com a maior potência econômica mundial é fundamental para fomentar negócios, especialmente exportações. É por isso que o resultado impacta indiretamente o Brasil.
O economista Hudson Garcia explica que a principal preocupação nacional em relação às eleições na terra do Tio Sam será sempre voltada às relações comerciais. Além disso, é preciso que ambos os representantes falem a mesma língua e compartilhem de uma mesma agenda.
“Desde o inicio da sua gestão, o governo Bolsonaro buscou uma agenda ativa com o governo Trump. Para alguns setores até funcionou, como o caso da celulose e proteína animal. No entanto, quando buscamos os números dos dois últimos anos, ainda estamos com uma relação comercial bastante desigual”, disse o especialista em entrevista ao Correio do Estado.
Entre 2018 e 2019, afirma, o Brasil aumentou somente em 3,5% as exportações para os Estados Unidos. Em compensação, aumentou as importações em volume e em valores, além de ter ampliado o déficit da balança comercial (diferença entre importações e exportações) com aquele país em mais de 38%.
“Neste ano, por conta da pandemia, o Brasil exportou, U$ 15,6 bilhões contra uma importação de U$ 18,28 bilhões. Isso fez com que o governo agisse para costurar um acordo binacional visando reduzir a burocracia e os custos para que os produtos brasileiros possam ser mais competitivos em solo americano”, disse Garcia.
O estado de Mato Grosso do Sul tem total interesse neste acordo, afirma o economista ao jornal Correio do Estado, uma vez que os Estados Unidos estão a cada ano aumentando as importações de produtos do Estado. Em 2019, por exemplo, houve acréscimo de 64,9% em faturamento nas exportações para os norte-americanos. Em 2020, mesmo com a pandemia, já foram exportados mais de U$ 187,24 milhões”, afirma.
A questão ideológica, segundo ele, também não pode ser deixada de lado quando falamos nas eleições nos Estados Unidos. “Como o governo brasileiro tem uma aproximação ideológica mais ligada ao governo Trump, ambos classificados como de direita conservadora, uma possível vitória dos Democratas colocaria o representante da Casa branca e governo Bolsonaro em lados opostos em alguns assuntos”, diz Garcia.
Em resumo, segundo ele, isso poderia gerar assuntos conflitantes e até sanções aos produtos brasileiros ou medidas protecionistas que aumentariam ainda mais o custo e a burocracia para exportar, pelo menos nos dois primeiros anos de mandato.
“No entanto, o Brasil está como um forte player produtor de alimentos, celulose e petróleo para os norte-americanos. Tanto democratas como republicanos sabem disso. O comércio entre os países sempre prevalecerá, só precisamos ter mais vantagens com essa relação”, completa.
DISPUTA PELA CASA BRANCA
O candidato democrata Joe Biden é o principal rival do empresário Donald Trump na corrida eleitoral em 2020. Faltam três semanas para que os americanos votem e as últimas pesquisas (Wall Street Journal com NBC News) mostraram que o magnata está 11 pontos atrás do adversário.
CORREIO DO ESTADO