Comissão de Direitos Humanos do Senado investiga gravações sobre tortura durante ditadura
Presidente do STM ironizou os áudios; Eduardo Bolsonaro também deu resposta ao conteúdo presente em gravações
NATÁLIA OLLIVER
O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, Humberto Costa (PT-PE), solicitou nesta segunda (18), que o Superior Tribunal Militar (STM) envie as gravações ao colegiado sobre o conteúdo denunciado pela jornalista Miriam Leitão, referentes a torturas praticadas durante a ditadura militar.
O presidente da STM, Luís Carlos Gomes de Mattos, ironizou o conteúdo.
Humberto Costa afirma que ministros do Superior Tribunal Militar tinham conhecimento das práticas de tortura no período.
A profissional, Miriam Leitão, foi vítima de tortura no período e revelou trechos de gravações inéditas feitas em sessões do STM entre 1975 e 1985.
De acordo com o presidente, as gravações foram regatadas pelo historiador Carlos Fico, titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em um dos trechos das gravações, o então ministro do STM Waldemar Torres da Costa debate o tema durante uma sessão que teria ocorrido em 1976.
Ele teria dito que "quando as torturas são alegadas e, às vezes, impossíveis de ser provadas, mas atribuídas a autoridades policiais, eu confesso que começo a acreditar nessas torturas porque já há precedente".
Mesmo secretas, o Superior Tribunal Militar passou a gravar as sessões de 1975 até 1985. Ao todo são 10 mil horas de material. Com autorização da Justiça, Carlos Fico conseguiu copiar todas as sessões das gravações, que estão sendo transcritas.
Presidente do STM
Nesta terça-feira (19), o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Luís Carlos Gomes de Mattos, desdenhou, em sessão no tribunal, da divulgação das gravações, onde os integrantes do fórum comprovam a prática de tortura durante a ditadura militar em 1970.
Para o parlamentar, a divulgação dos áudios é "notícia tendenciosa" e são “besteiras e “idiotices”, para quais não devem ser dadas respostas. O presidente frisou que a ação busca atingir as Forças Armadas.
Ele afirmou não estar preocupado e acrescentou “Não estragou a Páscoa de ninguém”.
Eduardo Bolsonaro
O deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PL) respondeu à postagem da jornalista Miriam Leitão, onde dizia que o Presidente da república Jair Bolsonaro (PL) é inimigo da democracia. Na ocasião, o deputado ironizou o trauma sofrido por Miriam durante a ditadura com a frase "Ainda com pena da cobra", referencia ao relato da jornalista, que relembrou o período em que foi presa e torturada com tapas, chutes e golpes.
Ela acrescentou que também teve que ficar nua na frente de 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia. Na época Miriam estava grávida de um mês.
CORREIO DO ESTADO