Com Lula no páreo, xadrez político do Estado deve mudar

17/04/2021 09h29 - Atualizado há 3 anos

Partido do ex-presidente da República já conversa com MDB, PSB e PSD visando disputa no próximo ano

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Divulgação

Flávio Veras

A anulação das condenações do ex-presidente Lula (PT) no Plenário do STF nesta quinta-feira (15) e virá de sua elegibilidade para 2022 devem trazer à tona novamente a polarização esquerda x direita, como ocorrido nas anteriores de 2018. No entanto , nos últimos pleitos municipais esse cenário perdeu força e deu espaço para os partidos de centro.

A volta do ex-presidente ao jogo político pode movimentar peças no tabuleiro político local. Historicamente, é fato que as alterações majoritárias nacionais sempre conduzem ao cenário político nos estados brasileiros.

De olho nessa articulação para 2022, o PT nacional já iniciou conversas com os partidos de centro MDB, PSD e PSB. Em Mato Grosso do Sul, essa composição pode ter nos candidatos candidatos até agora.

Pelo menos é o que percebe do presidente estadual emedebista, Junior Mochi (MDB). Para ele, existem cinco grupos que pretendem disputar o governo de Mato Grosso do Sul:

o PSDB, já no Executivo estadual; o DEM, da ministra Tereza Cristina e do ex-ministro da Saúde Luís Henrique Mandetta; o PSD, da família Trad; o MDB, do ex-governador André Puccinelli; e, por fim, o PT, do deputado Pedro Kemp.

No entanto, ele analisa que, mesmo com Lula de volta ao cenário, uma sigla petista pode encontrar dificuldades para crescer até o início das mudanças, o que pode obrigá-la a lançar mão de uma candidatura própria local, pensando em um apoio nacional.

“É natural o PT tentar fazer aliança com partidos de centro, pois só dessa forma pode construir uma campanha robusta para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro. Ele [PT] aguarda o MDB e o PSB porque já foram aliados e, caso ajustem as bandeiras, podem, sim, se aglutinar ".

"Eu acredito que essa polarização entre Lula e Bolsonaro tende a voltar com força no cenário nacional e muitas candidaturas de uma terceira via conseguir encontrar dificuldade em se tornarem viáveis. Porém, pelo menos aqui no Estado, eu acredito que essa disputa de dois polos tende a não se firmar, pois já vimos o que ocorreu nas informações municipais do ano passado, em que o bolsonarismo e o petismo não conseguiram se sobressair em várias cidades de Mato Grosso do Sul, bem como em outras regiões do País ".

"Portanto, vejo a esquerda um pouco atrás nessa corrida localmente, porém, eles podem se aproveitar do Lula elegível e viabilizar uma candidatura forte, mas acredito que eles vão compor alguma chapa”, projetou.

Segundo o presidente emedebista, o principal nome trabalhado pelo MDB para concorrer às informações de 2022 é o de Puccinelli, porém, a sigla tem uma segunda opção, que é uma senadora Simone Tebet.

“A parlamentar já nos disse que sua vontade é tentar a reeleição ao Senado, no entanto, colocou-se à disposição o ex-governador não queira disputar a próxima eleição”, revelou.

Reserva

A senadora confirmou ao Correio do Estado uma possibilidade de concorrer ao governo de MS, caso o partido necessário dela. Já sobre a conjuntura nacional, agora com o petista elegível, a senadora lamentou a possível volta dessa polarização e afirmou que o desafio do centro é capitalizar os 60% dos eleitores que não são favoráveis ​​nem à esquerda nem à extrema-direita, representada pelo bolsonarismo .

Ao ser perguntada sobre essa tentativa de aproximação do PT com os partidos de centro nos estados, assim como Mochi, ela afirmou que a sigla sempre esteve aberta ao diálogo ao longo da sua história.

“Eu não tenho dúvida de que a volta do ex-presidente Lula muda todo o tabuleiro político nacional. Assim como meu presidente [Junior Mochi], eu não consigo enxergar uma candidatura de esquerda no Estado, mas, sim, uma composição com partidos de centro. De qualquer forma, o MDB não fecha como portas para ninguém: ele terá candidatura ao governo e, por esse motivo, vai dialogar com os partidos. Esse novo cenário político nacional obriga os políticos a saírem de suas zonas de conforto e tentar viabilizar seus acordos indicados para as chapas ”, explicou.

Visão petista

Para o presidente estadual do PT, Agamenon do Prado, o foco do partido este ano no Estado é ajudar nas ações de combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e à crise econômica, agravada por ele.

No entanto, ele reconhece que essa articulação pode existir nacionalmente, mas o ex-presidente Lula adicionou um comunicado a todos os dirigentes estaduais da sigla solicitando ajuda em suas regiões, para viabilizar a aquisição de imunizantes contra um Covid-19.

“Nós temos que focar energia na vacinação, pois só assim teremos possibilidade de acabar com a doença e fortalecer nossa economia local. No entanto, assim que termina uma eleição, já se começa a discutir a outra - isso é do jogo ”, disse.

Sobre a composição em Mato Grosso do Sul com os ditos partidos de centro, o presidente afirmou que é muito difícil uma conversa com MDB e PSD, por exemplo, pois ele entende que as figuras que compõem essas legendas “são de extrema-direita”.

“Assim como eles, o PSDB também tem essa linha em Mato Grosso do Sul. Desses ventilados, o único que estamos em conversa constante é o PSD, do presidente da Cassems, Ricardo Ayache. Dentro da centro-esquerda temos bons aliados que estão dispostos a construir uma candidatura para o governo estadual. Porém, em política nada pode ser descartado, pois, se nossas bandeiras principais reconhecidas pelos partidos de centro e esse acordo local, seja benéfico à majoritária nacional, podemos compor. Porém, acho quase impossível ”, concluiu.

CORREIO DO ESTADO