Com Lula no jogo, esquerda de MS se anima e sugere Ayache
Representantes dos partidos de esquerda no Estado veem na anulação das condenações de Lula na Lava Jato uma oportunidade para fortalecer suas bancadas
Flávio Veras
A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou todas as condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato, pode gerar mudanças no cenário político de Mato Grosso do Sul.
Com a decisão, as lideranças petistas do Estado projetam um aumento da bancada no Congresso Nacional, além de ganhar mais espaço político localmente.
Até mesmo o nome do presidente da Cassems, Ricardo Ayache (PSB), surge entre os candidatos ao governo que poderiam unir os partidos na disputa em 2022.
Já os adversários apontam que a volta dos direitos políticos do ex-presidente poderá alavancar a polarização entre o bolsonarismo e o lulopetismo e repetir o panorama político de 2018, o que geraria perda de força do chamado Centro Democrático.
Com uma possível candidatura de Lula encabeçando a chapa, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) analisa que as últimas decisões judiciais, e principalmente esta do Fachin, estão deixando bem claro para a sociedade que seu partido e Lula foram vítimas de uma grande armação político-jurídica para influenciar no resultado das eleições de 2018.
“Com o restabelecimento da verdade, o PT se fortalece para as próximas disputas e, com certeza, Lula volta a ser um forte candidato para enfrentar a extrema direita. Com isso, teremos chances reais de aumentar nossas bancadas no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas, além de apresentar candidatos aos governos estaduais. Aqui em Mato Grosso do Sul esse novo cenário traz um ânimo à nossa militância e às nossas lideranças e, com certeza, vamos apresentar uma chapa bastante competitiva nas eleições”, disse.
AYACHE?
O deputado Vander Loubet acredita que, com a volta do ex-presidente ao cenário político, o PT tem tudo para ampliar sua bancada no Congresso Nacional, bem como fortalecer sua base em Mato Grosso do Sul.
Ao Correio do Estado, Loubet afirmou ainda que esse novo cenário reforça o campo democrático e apontou o médico Ricardo Ayache (PSB) como um nome capaz de realizar uma coalizão do campo democrático no Estado.
“Agora, precisamos ter maturidade, buscar consolidar uma frente com PSB, PCdoB, PDT, Psol. Seria importante ter um nome e lançá-lo. Minha opinião pessoal – não reflete a posição do PT – é de que o Ayache é o melhor nome para uma frente”, afirmou Vander.
O deputado diz, porém, que se o PT for provocado a lançar um nome ao governo seria o do ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
“Mas o importante é não termos arrogância nem soberba, por isso entendo que, para fazer o enfrentamento, o ideal seria alguém com o perfil do Ayache. É um cara novo, tem um trabalho destacado à frente da Cassems, da saúde, inclusive agora nesse período de pandemia da Covid-19. Se ele tiver disposição de discutir conosco, acredito que seja mais fácil unificar com todos os partidos da esquerda”, disse.
Conforme muitos analistas políticos, a volta de Lula ao jogo poderia favorecer o bolsonarismo, antagonista do lulopetismo. Para o deputado Dagoberto Nogueira (PDT), de fato, a polarização favorece mais o presidente Bolsonaro e fragiliza a articulação da tão sonhada frente ampla, que vinha sendo capitaneada pelo ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT).
“A liberação dos direitos políticos de Lula nos atrapalha, pois estávamos fazendo essa articulação que poderia reunir partidos como o PCdoB, de Flávio Dino, Rede, PSB e até mesmo alguns de centro e centro-direita”, disse o deputado.
OUTRO LADO
Apesar de ser aliado do presidente, o deputado estadual Coronel David (sem partido) reconheceu que, agora, candidaturas de centro tendem a perder força com a volta de Lula no páreo para 2022.
“Entendo que nas próximas eleições a população terá de escolher entre o bolsonarismo e o lulopetismo, visto que a candidatura de centro deve ser esvaziada em consequência da decisão do Fachin”, afirmou David, que fez questão de frisar o passado de corrupção de Lula.
CORREIO DO ESTADO